sábado, 6 de maio de 2017

Edição do dia 06/05/2017
06/05/2017 21h00 - Atualizado em 06/05/2017 21h00

Conflitos de terras provocam a morte de 7 pessoas em uma semana no Pará

Onda de violência chamou atenção das autoridades internacionais. O último caso foi a morte de uma líder rural de assentamento no Pará.

A onda de violência no campo preocupa as autoridades brasileiras. No Pará, os conflitos de terras já causaram as mortes de sete pessoas em apenas uma semana. O último caso foi a morte de uma líder rural no nordeste do estado. Segundo a Pastoral da Terra, o Pará está no topo do ranking desse tipo de crime.

Seis tiros à queima-roupa na frente do neto de seis anos. Kátia Martins de Souza foi executada em Castanhal, nordeste do Pará, onde liderava um acampamento de cem famílias sem-terra. A agricultora estaria sendo ameaçada de morte.

“Ligavam para ela, ela desligava o celular, a pessoa não falava nada. Com certeza ela era motivo de perseguição”, diz Carlos Augusto Silva, diretor da Confederação Nacional de Agricultores / Pará.

Em Eldorado dos Carajás, outra vítima da violência no campo. Etevaldo Soares Costa foi morto em uma troca de tiros entre trabalhadores rurais e seguranças de uma fazenda.

Segundo o IML, o corpo da vítima também apresentava sinais de tortura.

Oito dias antes do crime, o MST havia alertado a Secretaria de Segurança do Pará sobre a violência na região e cobrado providências.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, o Pará liderou o ranking de assassinatos no campo nos últimos dez anos (2007-2016). Foram 103 mortes no estado. Depois veio Rondônia, com 66 assassinatos.

“Vitimiza famílias de camponeses, trabalhadores rurais sem-terra e em consequência assassinatos, trabalho escravo e ameaças às famílias e uma extrema vulnerabilidade de direitos no campo”, afirma Paulo Joanil da Silva, da Comissão Pastoral da Terra / Pará.

Há nove anos o Ministério Público do Pará montou um grupo de trabalho para tentar acelerar as investigações sobre conflitos no campo.

Os promotores dizem que a redução das políticas de reforma agrária tem provocado o acirramento das disputas de terra.

“No ano passado, o Incra deixou de executar R$ 600 milhões no investimento referente à política de reforma agrária em todo o Brasil. Não há uma resposta efetiva por parte do estado para resolver essa questão'', diz Luis Gustavo Quadros, promotor de justiça.

No sul do Pará, o segurança de uma fazenda sofreu uma emboscada durante uma tentativa de invasão. O colega dele foi morto.

“É ameaça a todo momento. Se não fosse Deus ali não teria saído de lá com vida. Não me sinto mais seguro de voltar”, disse.

A Secretaria de Segurança do Pará declarou que tem atuado para garantir a integridade dos agricultores em regiões de conflito. E que desenvolve, em parceria com o Governo Federal, um programa que protege atualmente 53 pessoas ameaçadas de morte.

O Jornal Nacional não conseguiu contato com o Incra para comentar a denúncia do Ministério Público sobre a falta de investimento no programa de reforma agrária.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/05/conflitos-de-terras-provocam-morte-de-7-pessoas-em-uma-semana-no-para.html

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