Que tal aproveitar o Ano Novo para encarar o problema do álcool?
Uma
dose de uísque para relaxar, duas taças de vinho para comemorar... O
que parece rotineiro e sob controle enquanto se está trabalhando pode
esconder uma armadilha depois da aposentadoria. Sem uma ocupação e sem o
“sobrenome corporativo”, os homens, principalmente, podem somar álcool a
inatividade e causar grandes danos a si próprios. O clínico geral Luis
Fernando Correia, comentarista da TV Globo, GloboNews e CBN, afirma que o
assunto não tem a visibilidade que deveria: “o alcoolismo entre idosos
normalmente fica meio escondido, mas o final é quase sempre ruim, com o
indivíduo marginalizado pela família. A aposentadoria às vezes funciona
como um gatilho. Antes a pessoa tinha um contexto social para beber,
ligado ao ambiente de trabalho, mas havia também a cobrança por
desempenho e ficava mais fácil traçar os limites. Sem referências
profissionais ou afetivas, o risco de o problema se agravar é enorme,
ainda mais porque muitos sofrem de transtornos depressivos”.
Quem
se vangloria de sempre ter sido um bebedor resistente precisa ser
alertado. “Com a idade, a massa corporal diminui. Além disso, com a
diminuição do líquido corporal, fenômeno natural do envelhecimento, a
diluição do álcool no sangue é menor. Por isso idosos apresentam maior
risco de intoxicação, ou seja, a pessoa mais velha não pode ingerir a
mesma quantidade de antes”, explica o doutor Luis Fernando. Ele conta
que, nas festas de fim de ano, e durante as férias de verão, observa uma
exposição maior ao risco: “não se trata apenas da quantidade excessiva
de bebida, e da interação de medicamentos e álcool com seus efeitos
adversos. É também comum recebermos no hospital pacientes que por conta
própria deixaram de tomar sua medicação de uso contínuo porque iam beber
numa comemoração. Isso pode acarretar inúmeros problemas”.
O
uso do álcool acelera o envelhecimento normal ou leva ao envelhecimento
prematuro do cérebro, com um prejuízo intelectual intenso. Aumenta o
risco de quedas e fraturas, assim como o de dores crônicas e distrofias
musculares resultantes de neuropatias associadas à doença. Para quem
acha que mantém o controle depois de uma ou duas doses, é mais do que
didático o vídeo feito com atletas suecos veteranos
(www.youtube.com/watch?v=0-NyK_fErZ4),
campeões de nado sincronizado. Sob supervisão médica, foram convidados a
reproduzir seus movimentos na água depois de um pileque. Houve inclusive quem precisasse ser resgatado da piscina, portanto, pense duas vezes antes de beber uma caipirinha e cair no mar. No
Brasil, 10% da população sofrem com o alcoolismo e os homens
correspondem a 70% dos casos. Na população idosa, há estimativas de que
5% sejam afetados pelo problema, embora esse percentual seja maior entre
os admitidos em instituições e muitos dramas familiares não entrem nas
estatísticas.
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