domingo, 18 de outubro de 2015

14/10/2015 15h53 - Atualizado em 14/10/2015 15h53

Mapeamento cerebral desvenda transtorno obsessivo-compulsivo

Estudo identifica região associada ao TOC e pode vir a ajudar diagnóstico.
Em pesquisa, ressonância magnética ajudou a prever eficácia de terapia.

Um estudo de cientistas dos EUA com ressonância magnética conseguiu mapear diferenças de funcionamento entre os cérebros de entre pacientes de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e pessoas sem problemas psiquiátricos.
Usando a ressonância magnética funcional, uma técnica que busca filmar o cérebro em ação, os pesquisadores, da Universidade Estadual Wayne, em Detroit, enxergaram um comportamento anômalo do cortex cingulado anterior, região do cérebro associada ao controle cognitivo, nos portadores de TOC.
A descoberta, publicada na revista científica “Frontiers in Human Neuroscience” ainda não tem aplicação clínica, mas cientistas afirmam que a informação será valiosa na pesquisa de novos tratamentos. O TOC é caracterizado por comportamentos repetitivos, como nos casos de pessoas que ficam checando e rechecando seus itens, ficam presas a rotinas rígidas e não conseguem tirar alguns pensamentos da cabeça.
O anúncio de novas descobertas da neurociência tem contribuído para a compreensão do transtorno, cujo diagnóstico hoje é feito ainda apenas com base em sintomas.
“Esse resultado fornece um arcabouço científico proposto para aquilo que clínicos já haviam notado sobre comportamentos ligados ao TOC. Esses efeitos baseados em redes de neurônios haviam sido sugeridos, mas não haviam sido demonstrados anteriormente com neuroimagem sobre o transtorno”, afirma Vaibhav Diwadkar, um dos cientistas autores do trabalho. “Se pudermos descobrir um mecanismo claro que esteja por trás da doença, teremos a promessa de melhora no caminho em direção ao tratamento.”
Terapia cognitiva
Um outro estudo com ressonância magnética funcional, realizado pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), conseguiu prever quais pacientes de TOC eram mais propensos a ter uma resposta boa de terapia cognitivo-comportamental, principal intervenção não farmacológica usada contra o transtorno.
Pelo padrão de conectividade do cérebro, cientistas conseguiram prever quais pacientes eram mais propensos a ter recaídas depois de tratados com técnicas cognitivo-comportamentais. O retorno dos sintomas acentuados de TOC ocorrem em cerca de um quinto dos pacientes que inicialmente obtém sucesso com a terapia psicológica.
“Descobrimos que a terapia cognitivo-comportamental em si resulta em locais com redes cerebrais mais densamente conectadas, o que reflete uma atividade cerebral mais eficiente”, afirmou Jamie Feusner, um dos autores do trabalho. “Mas a terapia cognitivo-comportamental é cara, longa, difícil para pacientes e indisponível em muitas áreas. Então, se algum paciente terá a recidiva de seus sintomas, é útil saber isso antes de receber tratamento.”
A conclusão dos pesquisadores de Los Angeles está descrita em estudo na revista “Frontiers in Psychiatry”.
No vídeo abaxo, o psiquiatra Daniel Barros comenta as novas descobertas da neurociência sobre o transtorno obsessivo-compulsivo.
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/10/mapeamento-cerebral-desvenda-transtorno-obsessivo-compulsivo.html

14/10/2015 10h45 - Atualizado em 14/10/2015 12h10

Aprenda a diferenciar o transtorno obsessivo compulsivo da mania

O TOC é uma das doenças psiquiátricas mais comuns que existem.
Ele se caracteriza por pensamentos ou comportamentos exagerados.

Saiba diferenciar o TOC de outras doenças.

Mania, chatice personalidade obsessiva ou TOC (transtorno obsessivo compulsivo)? Você sabe a diferença entre cada um desses problemas? O TOC é uma das doenças psiquiátricas mais comuns que existem e se caracteriza por pensamentos ou comportamentos que o indivíduo percebe que são exagerados e fora da realidade, mas que não consegue evitar.

O Bem Estar desta quarta-feira (14) falou sobre como detectar se a mania virou doença e a hora de procurar tratamento. Para falar sobre o assunto, convidamos o consultor do programa e psiquiatra Daniel Barros e a psicóloga Alice de Mathis.
O TOC pode aparecer como pensamento (obsessão), ritual (compulsão) ou os dois associados. Os exemplos mais comuns são:
- Lavar as mãos várias vezes ao dia;
- Tomar banhos demorados, porque precisa lavar cada parte do corpo várias vezes ou em uma sequência específica;
- Evitar encostar em pessoas ou objetos por medo de se contaminar;
- Organizar objetos em uma determinada ordem, gastando muito tempo;
- Precisar de simetria. Por exemplo, se a pessoa esbarra com o ombro esquerdo na parede ou em uma outra pessoa, ela tem que fazer a mesma coisa com o ombro direito;
- Verificar se a porta está trancada; gás, ferro, fogão desligados várias vezes seguidas;
- Rezar várias vezes, na sequência, para evitar que algo ruim aconteça (ex: 100 vezes o "Pai Nosso");
- Medos supersticiosos: não usar determinadas cores com medo de acontecer algo ruim. Ou evitar números que lembram azar (ex: número 13);
- Pensamento de achar que está com doença grave, mesmo que os médicos e exames digam o contrário;
- Necessidade de guardar objetos inúteis, quebrados ou sem valor por achar que será útil no futuro;
- Conferir várias vezes o que leu ou escreveu para ter certeza que leu ou escreveu corretamente.

Após o ritual, vem o alívio e por isso há sempre a repetição daquele comportamento, porque traz felicidade e alívio. Mas, internamente, ela sabe que é algo exagerado e sem necessidade, por isso tem o sofrimento depois.
O estudante Leonardo Sau, de 19 anos, tem manias e tiques desde pequeno. Conforme foi crescendo, os sintomas se agravaram. Uma das regras é não abrir os olhos na rua, por exemplo, o que o impede de sair sozinho. Quando não cumpre a regra, ele tem uma necessidade de se limpar, tomando longos banhos. “Eu já tomei banhos de três horas e meia. Hoje, tomo banhos de uma hora e já me satisfaço, fico aliviado”, conta Léo. O sofrimento só começou a diminuir quando Léo aceitou o tratamento, com terapia e remédios.
TOC X mania
É comum os perfeccionistas serem confundidos com TOC. Mas quando é a doença, aquela mania passa a ocupar muito tempo do seu dia e gasta mais energia mental do que deveria. É considerado transtorno quando a pessoa passa pelo menos uma hora do dia entre os pensamentos e rituais, causando prejuízo e sofrimento. O pensamento é sempre uma coisa ruim, é caracterizado por ser intrusivo, sem sentido, que causa sofrimento e a pessoa não consegue evitá-lo.

Ainda não há uma explicação definitiva sobre o surgimento do TOC. Sabe-se que os fatores genético e ambiental influenciam bastante. A pessoa pode desenvolver em qualquer idade, porém, é mais comum que apareça na infância, a partir de 4 ou 5 anos. E como saber que seu filho tem TOC? Prestar atenção se ele faz algum ritual que se repete inesgotavelmente e, o mais importante, se ele fica irritado quando não o faz.
Quando o TOC não é tratado, a tendência é que agrave, por isso uma criança pode crescer e ser um adulto com TOC em estágio avançado. Além de poder desencadear outros problemas: depressão, abuso de álcool, transtornos de ansiedade e tiques.
A sensação de quem tem TOC e não trata ou então não sabe o que é, é de que são loucos, não entendem o que está acontecendo. A maioria das pessoas tem vergonha de falar o que pensam e de se abrir, por isso não procuram tratamento. Mas é importante frisar que com medicação e terapia comportamental os sintomas são reduzidos drasticamente e a qualidade de vida aumenta muito.
Personalidade obsessiva x TOC
Não são a mesma coisa. Quem tem a personalidade obsessiva acha que o mundo está errado e quer que todos mudem para se enquadrarem em suas condutas. Tudo é a ferro e fogo. Quem tem o TOC é o oposto, quer mudar o próprio comportamento para se adaptar ao mundo. Ele sabe que não é real.

Se você tem TOC e gostaria de participar de uma pesquisa conduzida pela psicóloga Alice de Mathis, envie um e-mail com a sua história para protoc.projeto@gmail.com
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/10/aprenda-diferenciar-o-transtorno-obsessivo-compulsivo-da-mania.html

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