Pesquisadores apostam na reserva cognitiva para envelhecer bem
Em primeiro lugar, como se acumula uma reserva cognitiva? Dá para fazer o paralelo com uma poupança: tem que ser o resultado de toda uma vida! As pesquisas apontam que o cérebro se alimenta de experiências: quanto mais complexas, mais estimulam conexões neurais. Trocando em miúdos: é preciso sair da zona de conforto, buscar desafios, aprender continuamente – queimar a mufa! Pessoas com esse tipo de “capital” têm perdas menores e são capazes de achar estratégias e formas alternativas de raciocínio. Por isso é tão importante que, desde a mais tenra infância, todos sejam estimulados, mas também é possível atingir novos patamares de reserva cognitiva na maturidade. É o que vai garantir indivíduos vivendo com autonomia em suas comunidades.
Como está na ordem do dia, esse é o tema de dois eventos internacionais que ocorrem este ano. O primeiro acontece na mesma data do 10º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia,
cuja abertura será nesta quinta-feira em São Paulo. Será em North
Bethesda (Maryland, EUA), onde estudiosos vão discutir como atingir uma
resiliência capaz de deter os danos causados pelo tempo: formas de
estimular a memória, o papel da genética, a importância de exercícios
físicos. Em dezembro, o encontro de médicos e cientistas será em
Copenhague, capitaneado pela International Federation on Ageing.
São
iniciativas que poderão resultar em ações efetivas para aproveitarmos o
bônus da longevidade. A Organização Mundial da Saúde já vem chamando a
atenção para a necessidade de investir na (re)capacitação dos idosos,
para que recuperem sua independência e autonomia. Em inglês, chama-se reablement,
ou seja, tornar o indivíduo novamente capaz, dentro de suas
possibilidades. Não se trata da reabilitação que é feita depois de um
trauma, e sim de uma adaptação às limitações impostas pela idade. De
acordo com essa perspectiva, as pessoas mais velhas são encorajadas a
focar no que valorizam e sabem/podem fazer com segurança, em vez de só
pensar no que não podem mais realizar. A tecnologia e o design são
determinantes para resgatar ou aumentar a capacidade funcional.
Recuperar habilidades representa uma enorme vitória para um idoso – e
vai alimentar sua reserva cognitiva.
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