Cidade dos EUA abalada pela heroína processa empresas farmacêuticas
Em Huntington, mortes por overdose superam em dez vezes média do país; prefeito acusa companhias de 'distribuição maléfica' de medicamentos viciantes
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(Foto: Reprodução/BBC)
Uma cidade americana adotou uma estratégia pouco ortodoxa para combater
o número crescente de mortes por overdose entre seus habitantes.
Huntington, no Estado da Virgínia Ocidental, decidiu processar nove
empresas farmacêuticas por considerar que elas contribuem para o uso
indiscriminado de receitas médicas, sobretudo de remédios que causam
dependência.
As autoridades locais argumentam que isso levou as pessoas a se
viciarem em substâncias como analgésicos e, posteriormente, em heroína.
“Huntington é uma cidade com pouco menos de 50 mil habitantes. Nosso
condado tem 96 mil habitantes. E, ainda assim, em um período de cinco
anos, foram distribuídas 4 milhões de doses de opioides só nesta
região”, diz Steve Williams, prefeito de Huntington.
“Os números falam por si mesmos.”
A cidade, no noroeste dos EUA, tem um índice de mortes por overdose que
supera em dez vezes a média dos Estados Unidos. Um em cada dez bebês
nasce com sintomas de abstinência.
Essa epidemia sobrecarregou as equipes de emergência locais. Hoje, a
maioria das chamadas recebidas estão relacionadas ao uso abusivo de
drogas.
O bombeiro Michael está concendendo uma entrevista para a BBC, em que
explica que o abuso de substâncias químicas está por trás de “cerca de
de um terço das ligações, enquanto incêndios respondem por 15% a 10%”,
quando é interrompido pelo soar do alarme.
“É uma overdose. Vamos, pessoal, vamos!”
Ao chegar em um supermercado, ele e sua equipe são direcionados ao
banheiro do estabelecimento, onde um cliente teve uma overdose de
heroína.
Depois de atendido, o paciente é questionado sobre como ele começou a usar a droga.
“Estava tomando analgésicos e, na verdade, tentava parar...”
O prefeito de Huntington diz que as empresas acionadas na Justiça devem
assumir sua responsabilidade e colaborar com o combate à epidemia de
drogas.
“Espero que não percam tempo dizendo: ‘Não é nossa culpa. Somos apenas um negócio’”, afirma Williams.
“Quando eu estava no mercado de investimentos, se eu desse desse um
conselho que prejudicasse alguém, isso acabaria com minha carreira, me
faria perder minha licença e, possivelmente, teria de pagar uma multa.”
Quatro das empresas dizem que contestarão a ação na Justiça. Cinco não responderam ao contato da BBC.
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