Cientistas desaconselham dieta sem glúten a pessoas não celíacas
Estudo indica que cortar glúten implica abrir mão de alimentos benéficos para a saúde, como grãos integrais. Em celíacos, glúten representa risco cardíaco, mas, em não celíacos, risco não existe.
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Farinha de trigo, cevada e centeio são alguns dos alimentos que contêm glúten (Foto: CDC/ Debora Cartagena)
Um estudo científico divulgado na semana passada no Reino Unido
desaconselha pessoas não celíacas a fazerem uma dieta sem glúten, por se
privarem sem necessidade de alimentos benéficos para a saúde.
A equipe dirigida por Andrew T. Chan, da Escola de Medicina de Harvard,
nos Estados Unidos, aponta que o consumo de glúten não aumenta o risco
de doenças cardiovasculares em pessoas não celíacas.
Pelo contrário, os cientistas ressaltam que as pessoas que não sofrem
de doença celíaca e mesmo assim evitam o glúten podem acabar
prescindindo de alimentos que reduziriam o risco de doenças, como os
grãos integrais de trigo, cevada, aveia e centeio.
Por esse motivo, os especialistas afirmam que "não se deve promover uma
dieta sem glúten entre pessoas sem doença celíaca", no artigo publicado
na revista médica "British Medical Journal".
Glúten x doenças cardiovasculares
A equipe de Harvard decidiu analisar a conexão entre o consumo de
glúten e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pessoas não
celíacas, com o objetivo de comprovar a teoria de que este vínculo
existe, o que levou muita gente saudável a fazer dietas sem glúten.
O consumo de glúten - mistura de proteínas encontradas em cereais -
provoca inflamação intestinal e é associado a um maior risco de doenças
cardiovasculares nas pessoas celíacas.
Os especialistas analisaram os dados de 64.714 mulheres e 45.303 homens
não celíacos que são profissionais do setor de saúde dos Estados Unidos
e completaram um questionário sobre dieta e saúde a cada quatro anos,
entre 1986 e 2010.
A análise desta informação levou a equipe a concluir que "não há
nenhuma relação significativa entre o consumo de alimentos com glúten e o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares".
Outra análise é que a restrição do glúten na dieta pode levar à redução
do consumo de "grãos integrais", que são associados a um menor risco de
doenças coronarianas.
Os autores advertem em seu artigo que se trata de um estudo de
observação, então não podem tirar conclusões "de causa e efeito". No
entanto, afirmam que as descobertas "não apoiam a recomendação de uma
dieta com restrições de glúten com o objetivo de reduzir o risco de
doenças coronarianas".
Os cientistas concluem que "dietas sem glúten para a prevenção de
doenças coronarianas entre pessoas sem sintomas e não celíacas não é
recomendável".
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