Governo do DF pede desculpas à doadora que pretendia ajudar menino de 4 anos
Secretaria de Saúde aceitou doação de material para cirurgia de criança que há 2 anos vive com bolsa de colostomia. Exoneração da gestora do Hospital de Base que recusou ajuda será publicada na próxima segunda-feira.
O secretário-adjunto de Gestão da Secretaria de Saúde do DF, Ismael
Alexandrino, telefonou na manhã deste sábado (6) para o casal do Rio de
Janeiro que foi ironizado pela ex-gerente de Medicina Cirúrgica do
Hospital de Base, Márcia Amorim, ao tentar fazer uma doação. A médica
perguntou à família "em que planeta viviam"
Segundo nota da Secretaria de Saúde, Alexandrino também articulou o
início do processo de doação, que deve ocorrer a partir desta
segunda-feira (8). "Serão analisadas as especificações do material e
feito o agendamento da sala de cirurgia", informou a pasta.
Também na segunda, de acordo com a pasta, terá início o processo de exoneração do cargo em comissão de gerente de Medicina Cirúrgica do Hospital de Base
conforme anunciado pelo secretário de Saúde na sexta (5). A secretaria
ainda não tem o nome do profissional que substituirá Márcia Amorim.
Em contato com o G1, a família de doadores, que não quer ser identificada, enviou uma nota.
"Como o caso ganhou uma repercussão inesperada, vamos usar este espaço para responder a pergunta da médica exonerada do Hospital de Base do DF e dizer que estes doadores vivem num planeta onde as pessoas se respeitam e se importam umas com as outras. Esperamos que o pequeno Pedro tenha uma infância saudável e feliz, e que encontre no futuro um Brasil melhor....Estamos na torcida e aguardando as instruções para a doação."
A família do menino também foi procurada pelo GDF neste sábado. O
secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Daniel Seabra, entrou em
contato com Fabrício de Souza, pai de Pedro, pediu desculpas pelo
ocorrido, e colocou a secretaria à disposição para garantir a cirurgia.
Por telefone, Souza disse ao G1
que "a esperança foi retomada, a família toda está em festa e aguarda
para a próxima semana o encaminhamento de Pedro para a cirurgia".
Entenda o caso
Esta semana, um casal carioca soube, por meio de uma reportagem do G1,
do drama vivido por Pedro, um menino de 4 anos que há quase 2 anos vive
com uma bolsa de colostomia porque o Hospital de Base não possui um
grampeador cirúrgico para retirar a bolsa. Comovido, o casal tentou doar
o equipamento, mas a gestora da área no hospital recusou a oferta,
disse que doações não poderiam ser direcionadas para pacientes
específicos e ainda ironizou o casal (veja troca de mensagens).
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Mensagens trocadas entre doadora do Rio de Janeiro e gerente de
medicina cirúrgica do Hmib do Hospital de Base, Márcia Amorim (Foto:
Reprodução)
Constrangido, o casal agradeceu a "ajuda" e pediu "desculpas por
incomodar". Logo depois, a gerente do hospital perguntou com quem eles
conseguiram o número de telefone dela. Márcia sugeriu, então, que os
cariocas doassem "vários grampeadores" para o próprio estado.
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Mensagens trocadas entre doadora do Rio de Janeiro e gerente de
medicina cirúrgica do Hmib do Hospital de Base, Márcia Amorim (Foto:
Reprodução)
No começo da tarde de sexta-feira (5) , a Secretaria de Saúde do
Distrito Federal justificou que a gestora agiu por desconhecimento,
porque "não detinha uma atualização das normas". A pasta mencionou um
parecer da Procuradoria-Geral do DF, de 2016, que possibilita doações de
medicamentos ou materiais cirúrgicos "para benefício de paciente
específico".
De acordo com a norma, este tipo de ação não se caracteriza como "ato
ofensivo aos princípios da igualdade e impessoalidade, uma vez que ao
Poder Público não é oportunizada qualquer escolha e que não há prejuízo
aos demais pacientes".
No fim da tarde de sexta, a pedido do governador Rodrigo Rollemberg, a
gerente de medicina Cirúrgica do Hospital de Base, Márcia Amorim foi
exonerada do cargo.
Pedro espera há quase dois anos para remover a bolsa de colostomia que
carrega junto ao corpo e o impede de brincar como qualquer menino da
mesma idade. O recipiente recolhe excreções do intestino e foi
implantado após uma cirurgia para corrigir uma malformação que obstruía o
sistema digetivo. O Hospital de Base não tem o material necessário para
a cirurgia , um grampeador linear, que custa R$ 1,9 mil, e agora deverá
ser doado pelo casal do Rio de Janeiro.
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