sábado, 6 de maio de 2017

Governo do DF pede desculpas à doadora que pretendia ajudar menino de 4 anos

Secretaria de Saúde aceitou doação de material para cirurgia de criança que há 2 anos vive com bolsa de colostomia. Exoneração da gestora do Hospital de Base que recusou ajuda será publicada na próxima segunda-feira.

O secretário-adjunto de Gestão da Secretaria de Saúde do DF, Ismael Alexandrino, telefonou na manhã deste sábado (6) para o casal do Rio de Janeiro que foi ironizado pela ex-gerente de Medicina Cirúrgica do Hospital de Base, Márcia Amorim, ao tentar fazer uma doação. A médica perguntou à família "em que planeta viviam" 

Segundo nota da Secretaria de Saúde, Alexandrino também articulou o início do processo de doação, que deve ocorrer a partir desta segunda-feira (8). "Serão analisadas as especificações do material e feito o agendamento da sala de cirurgia", informou a pasta. 

Também na segunda, de acordo com a pasta, terá início o processo de exoneração do cargo em comissão de gerente de Medicina Cirúrgica do Hospital de Base conforme anunciado pelo secretário de Saúde na sexta (5). A secretaria ainda não tem o nome do profissional que substituirá Márcia Amorim. 

Em contato com o G1, a família de doadores, que não quer ser identificada, enviou uma nota.
"Como o caso ganhou uma repercussão inesperada, vamos usar este espaço para responder a pergunta da médica exonerada do Hospital de Base do DF e dizer que estes doadores vivem num planeta onde as pessoas se respeitam e se importam umas com as outras. Esperamos que o pequeno Pedro tenha uma infância saudável e feliz, e que encontre no futuro um Brasil melhor....Estamos na torcida e aguardando as instruções para a doação."
A família do menino também foi procurada pelo GDF neste sábado. O secretário-adjunto de Assistência à Saúde, Daniel Seabra, entrou em contato com Fabrício de Souza, pai de Pedro, pediu desculpas pelo ocorrido, e colocou a secretaria à disposição para garantir a cirurgia. 

Por telefone, Souza disse ao G1 que "a esperança foi retomada, a família toda está em festa e aguarda para a próxima semana o encaminhamento de Pedro para a cirurgia". 

Entenda o caso
Esta semana, um casal carioca soube, por meio de uma reportagem do G1, do drama vivido por Pedro, um menino de 4 anos que há quase 2 anos vive com uma bolsa de colostomia porque o Hospital de Base não possui um grampeador cirúrgico para retirar a bolsa. Comovido, o casal tentou doar o equipamento, mas a gestora da área no hospital recusou a oferta, disse que doações não poderiam ser direcionadas para pacientes específicos e ainda ironizou o casal (veja troca de mensagens).
Mensagens trocadas entre doadora do Rio de Janeiro e gerente de medicina cirúrgica do Hmib do Hospital de Base, Márcia Amorim (Foto: Reprodução) 
Mensagens trocadas entre doadora do Rio de Janeiro e gerente de medicina cirúrgica do Hmib do Hospital de Base, Márcia Amorim (Foto: Reprodução) 
 
Constrangido, o casal agradeceu a "ajuda" e pediu "desculpas por incomodar". Logo depois, a gerente do hospital perguntou com quem eles conseguiram o número de telefone dela. Márcia sugeriu, então, que os cariocas doassem "vários grampeadores" para o próprio estado.
Mensagens trocadas entre doadora do Rio de Janeiro e gerente de medicina cirúrgica do Hmib do Hospital de Base, Márcia Amorim (Foto: Reprodução) 
Mensagens trocadas entre doadora do Rio de Janeiro e gerente de medicina cirúrgica do Hmib do Hospital de Base, Márcia Amorim (Foto: Reprodução) 
 
No começo da tarde de sexta-feira (5) , a Secretaria de Saúde do Distrito Federal justificou que a gestora agiu por desconhecimento, porque "não detinha uma atualização das normas". A pasta mencionou um parecer da Procuradoria-Geral do DF, de 2016, que possibilita doações de medicamentos ou materiais cirúrgicos "para benefício de paciente específico". 

De acordo com a norma, este tipo de ação não se caracteriza como "ato ofensivo aos princípios da igualdade e impessoalidade, uma vez que ao Poder Público não é oportunizada qualquer escolha e que não há prejuízo aos demais pacientes". 

No fim da tarde de sexta, a pedido do governador Rodrigo Rollemberg, a gerente de medicina Cirúrgica do Hospital de Base, Márcia Amorim foi exonerada do cargo. 

Pedro espera há quase dois anos para remover a bolsa de colostomia que carrega junto ao corpo e o impede de brincar como qualquer menino da mesma idade. O recipiente recolhe excreções do intestino e foi implantado após uma cirurgia para corrigir uma malformação que obstruía o sistema digetivo. O Hospital de Base não tem o material necessário para a cirurgia , um grampeador linear, que custa R$ 1,9 mil, e agora deverá ser doado pelo casal do Rio de Janeiro. 

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