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Zika se torna dilema para brasileiras que tentam fertilização in vitro
Muitas pacientes estão congelando seus embriões e óvulos. Segundo clínica, houve aumento de 10% a 15 % no congelamento de embriões em SP.
A propagação do vírus da zika no Brasil e sua provável relação com a
microcefalia em recém-nascidos gerou um impasse para centenas de futuras
mães - muitas delas mulheres que lutam contra o relógio biológico -
sobre se convêm ou não adiar os tratamentos de fertilização in vitro.
Tatiane Martins, de 33 anos, por exemplo, decidiu interromper seu plano de engravidar por medo da zika.
"Comecei a ver muitas notícias na TV e me assustei com o que a zika
poderia gerar, principalmente pela possibilidade da microcefalia. Fiquei
confusa e ansiosa porque já tinha começado o processo e tive que
interromper toda a medicação", contou Tatiane à Agência Efe.
Após suspender o tratamento de fertilidade, ela se viu obrigada a
congelar os embriões na esperança de retomar o processo ainda neste mês,
quando especialistas acreditam que a proliferação do mosquito Aedes
aegypti diminuirá por conta da diminuição das chuvas e da temperatura.
De acordo com o diretor da clínica Fertivitro, Luiz Eduardo
Albuquerque, o congelamento de embriões aumentou de 10% a 15% em São
Paulo nos últimos quatro meses.
"Muitas pacientes estão congelando seus embriões e óvulos, e atrasando o processo de fertilização", disse o ginecologista.
Especialistas aconselham às mulheres a tomar certas precauções, mas alguns não consideram necessário interromper o processo.
"A escolha está nas mãos da mulher e da família. Não acho que seja
necessário adiar a gravidez. O que podemos fazer é reforçar o uso de
repelente e instruí-las a tomar certas medidas para evitar o mosquito",
acrescentou Albuquerque.
Para ele, houve um "exagero da mídia" em torno da questão. Em sua
opinião, o vírus não deve ser motivo para o adiamento da gravidez, já
que as consequências da doença ainda não são completamente conhecidas.
Na semana passada, os Centros de Controle de Prevenção de Doenças dos
Estados Unidos (CDC) lançaram novas diretrizes sobre o tempo que as
mulheres que contraíram a zika têm que esperar antes de tentar
engravidar.
Segundo a entidade americana, aquelas que querem ter um filho devem
aguardar pelo menos dois meses, contados a partir do aparecimento dos
sintomas, para voltar a tentar.Em novembro de 2015, quando aumentou o
número de casos de microcefalia, o Ministério da Saúde recomendou que as
mulheres adiassem os planos de gravidez.
O levantamento mais recente do órgão confirmou 944 casos de
microcefalia possivelmente associados ao vírus da zika, enquanto 4.291
ocorrências de recém-nascidos ou fetos com sintomas semelhantes estão
sendo analisadas.
Sandra Valencio, que também tem 33 anos, quer ser mãe e seu marido
passou por uma vasectomia, o que dificulta uma gravidez pelos métodos
tradicionais. Apesar do risco de transmissão da zika, o casal decidiu
continuar o tratamento in vitro iniciado há três anos.
"Eu não ia interromper de maneira alguma meu desejo de ser mãe por
causa dos casos de zika. Não temos informações concretas e, se
redobrarmos os cuidados, é possível ter uma gravidez tranquila",
explicou.
Para a ela, parar o processo representa "jogar dinheiro no lixo", já
que somando gastos com vitaminas, consultas e injeções estima ter
investido, aproximadamente, R$ 20 mil.
De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o
total de embriões congelados no Brasil chegou a 67.359 em 2015, 40,8% a
mais do que em 2014.
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