sexta-feira, 1 de abril de 2016

31/03/2016 18h01 - Atualizado em 31/03/2016 18h10

Butantan já produziu metade das doses da vacinas de gripe do SUS

Instituto deve entregar 49 milhões de doses até fim da campanha nacional.
'Estamos trabalhando muito acima da capacidade', diz diretor de produção.

Paulo Lee Ho, diretor da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção (DDTP) do Instituto Butantan, afirmou que fábrica está trabalhando acima da capacidade para produzir vacina contra gripe (Foto: Mariana Lenharo/G1) 

Paulo Lee Ho, diretor da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Instituto Butantan, afirmou que fábrica está trabalhando acima da capacidade para produzir vacina de gripe (Foto: Mariana Lenharo/G1)

O Instituto Butantan, responsável pela maior parte das vacinas contra influenza da campanha nacional de vacinação da rede pública, já produziu metade das 49 milhões de doses encomendadas pelo governo federal. Segundo o pesquisador Paulo Lee Ho, diretor da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Instituto Butantan, o contrato com o Ministério da Saúde foi publicado nesta quarta-feira (30) e as primeiras doses já estão sendo entregues nesta quinta-feira.

“Vamos produzindo desde o início e temos um quantitativo de vacinas já acumulado que podemos entregar a hora que quiser. Mas o contrato foi assinado apenas agora, dia 30. Estamos imediatamente entregando o que temos”, disse Ho em entrevista a jornalistas durante o Simpósio Internacional de Atualização em Influenza, evento realizado pela Faculdade de Medicina da USP com apoio da farmacêutica Sanofi Pasteur.

Segundo Ho, a fábrica do Butantan foi construída para atender a demanda de 20 milhões de doses anuais. “Estamos trabalhando muito acima da capacidade”, afirmou o pesquisador.

O planejamento inicial era acumular as doses e entregá-las ao mesmo tempo ao Ministério da Saúde, para o início da campanha nacional previsto para 30 de abril. Esse plano mudou com o aumento de casos de H1N1, principalmente no estado de São Paulo, onde o vírus chegou antes do esperado.

“Em vez de acumular e entregar tudo no final, estou entregando agora porque já tenho vacinas prontas, então tenho como antecipar. E o fato de ter vacinas à disposição ajuda muito a controlar o surto que está ocorrendo hoje.”

Com esse adiantamento, será possível começar a vacinar profissionais da saúde do estado de São Paulo já no dia 4 de abril, segundo Ho. Nesta terça-feira, o governo estadual anunciou o adiantamento da vacinação no estado, que deve abrir a campanha para crianças, gestantes e idosos da capital e região metropolitana a partir do dia 11 de abril.

Doses da vacina de 2015 – capazes de proteger contra o H1N1, mas não contra os dois outros vírus contemplados pela vacina trivalente – já vinham sendo fornecidas a 67 municípios do noroeste do estado de São Paulo, onde o número de infecções é mais alarmante.

Apesar de o Ministério da Saúde manter a data de início da campanha nacional de vacinação para o dia 30 de abril, a pasta anunciou, nesta segunda-feira (28), que enviará as doses aos estados a partir desta sexta-feira (1º).
Ministério da Saúde autorizou os estados a anteciparem a vacinação (Foto: Reprodução/TV TEM) 
Ministério da Saúde autorizou os estados a anteciparem a vacinação (Foto: Reprodução/TV TEM)

“A partir do recebimento das vacinas, os estados podem definir estratégias de contenção, conforme suas análises de risco, para a vacinação da população-alvo, observando a reserva adequada do produto para a campanha nacional”, afirmou o ministério, em nota.

Ao todo, são previstas 54 milhões de doses: 49 milhões produzidas pelo Instituto Butantan e 5 milhões fornecidas pela Sanofi Pasteur, segundo Ho.

Dificuldades
Ho observou que a produção da vacina é complexa e que o instituto enfrenta várias dificuldades relacionadas a recursos para compra de insumos e falta de profissionais.

O pagamento pelas doses é feito apenas após a entrega das doses. “Não temos adiantamento, é super complicado. E como somos produtores públicos, a gente não visa o lucro, o nosso espaço de manobra é muito pequeno. A dificuldade é muito grande”, afirmou.
“Seria importante que o recurso chegasse rápido, que a gente pudesse ter adiantamento dos recursos e que o governo estadual olhasse com mais carinho e observasse que o instituto precisa de contratações, pois temos uma responsabilidade social”, disse o pesquisador.
Apesar das dificuldades, Ho garante que o instituto conseguirá produzir todas as doses planejadas. “Vamos produzir os 49 milhões porque a responsabilidade que o Butantan tem é com a saúde pública do país.”

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