http://veja.abril.com.br/noticia/saude/carnes-processadas-podem-afetar-a-fertilidade-masculina
Especialistas financeiros preveem queda no setor.
Não demorou mais que 24 horas após o alerta da Organização Mundial da
Saúde (OMS) sobre o consumo de carne para que a reação da indústria
começasse. Nessa segunda-feira (26), a divisão da Organização das Nações
Unidas (ONU) para a saúde colocou carnes processadas no mesmo grupo que
o cigarro quando o assunto é risco para o desenvolvimento de câncer (
relembre aqui). A carne
in natura foi colocada no mesmo patamar que alguns componentes de pesticidas.
A reação foi imediada. Entidades ligadas à produção de carnes de todo
o mundo emitiram notas repudiando o documento da OMS que, por sua vez,
já avisou que a classificação é definitiva e que não vai voltar atrás
sobre isso.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC),
na qual figuram JSB-Friboi, Marfrig e outros grandes matadouros, disse
que
“os benefícios nutricionais à saúde humana já foram comprovados”,
mas ignorou o fato de que o documento da OMS reúne mais de 800 estudos e
é o resultado de um grupo de trabalho de 22 cientistas de 10 países. É
um documento conclusivo, não é apenas mais um estudo.
Já a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa
empresas como a JBS-Friboi, Marfrig, Minerva e BRF (Sadia e Perdigão)
emitiu uma nota genérica onde afirma que
“os produtos cárneos
processados feitos no Brasil são seguros e seguem as mais rígidas normas
internacionais de segurança alimentar”. No entanto, a OMS não diz
em seu documento que a forma de produzir carnes processadas é a
causadora de câncer, e sim o produto em si. Na mesma nota, a ABPA tenta
desviar o foco da questão e tranquilizar os consumidores de carnes
afirmando que
“diversos fatores influenciam a ocorrência da doença em questão, como genética, hábitos alimentares, tipos de dieta e outros”.
O
North American Meat Institute (Instituto Norte-americano da Carne) soltou uma nota dizendo que o documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) é
“dramático e alarmista”. Betsy Booren, representante do instituto, disse em entrevista ao jornal britânico
The Independent, que
“levará décadas e bilhões de dólares para mudar” o que as pessoas pensam sobre a carne após a OMS dizer que ela é cancerígena.
Nilo Chaves de Sá, diretor executivo da Associação Brasileira dos
Criadores de Suínos (ABCS), acredita que a notícia não afetará as vendas
de carne de porco.
“A proteína animal é uma fonte importante para a nutrição humana.”
– disse ao Jornal da Tarde. Demonstrando total falta de informação
sobre o conteúdo, o método e a importância do documento da OMS, Nilo
emendou:
“Parece que ainda é necessário mais pesquisa para que seja algo definitivo.” – disse.
Na Austrália, o Ministro da Agricultura, Barnaby Joyce, fez piada com o alerta da OMS e pediu cautela a respeito do documento.
“Se você pegar tudo que a OMS diz que é cancerígeno e tirar do seu dia a dia, bem, você terá que voltar para uma caverna.” – disse.
Na contramão desse aparente otimismo da indústria, a Revista Fortune
publicou uma matéria nesta terça-feira (27) onde afirma que o consumo de
carne nos Estados Unidos já está em queda desde 1970, quando teve seu
ápice. A matéria afirma ainda que, após a publicação da OMS, a indústria
pecuária deverá sofrer ainda mais com as quedas nos números (
veja aqui, em inglês).
A
Swiss Meat Industry Association (Associação Suíça das
Indústrias da Carne) limitou-se a dizer que há estudos provando que a
carne faz bem. França, Uruguai e diversos outros países seguiram a mesma
linha. Muitos enfatizaram que a OMS condena o consumo de carnes se esse
for em excesso. Mas a verdade é que a OMS é bem clara em relação a isso
e afirma que bastam 50 gramas por dia de bacon, salsicha, presunto,
peito de peru, linguiça ou outro produto similar para ter uma
probabilidade 18% maior de desenvolver câncer no cólon ou no reto. O
documento da OMS diz que carnes processadas causam câncer, e não que
podem causar câncer.
Fonte: https://vista-se.com.br/industria-da-carne-diz-que-vai-investir-bilhoes-para-que-as-pessoas-esquecam-alerta-da-oms/
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