quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Aedes resistente ao vírus da dengue é criado por pesquisadores dos EUA

Cientistas modificaram geneticamente o inseto para evitar que doença seja transmitida; método não funciona para zika e chikungunya.

Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, criaram mosquitos geneticamente modificados que são resistentes à dengue. O estudo foi publicado nesta quinta-feira (12), na revista científica PLoS. 

Em entrevista ao G1, George Dimopoulos, que é autor principal do trabalho, disse que a pesquisa é “um primeiro passo para controlar a transmissão da doença”. Os mosquitos com os genes alterados produziram menos ovos e cópias dos vírus no corpo e glândulas salivares. 

“Acreditamos que, por meio da engenharia genética, nós vamos poder fazer um sistema imunológico dos mosquitos tão forte que vá bloquear completamente o vírus. Em seguida, nós temos que desenvolver mosquitos que podem suprimir a infecção pelo vírus da dengue para um nível que garanta a redução da transmissão para os seres humanos”, disse. 

Dimopoulos e seus colegas modificaram um gene responsável pela vitelogenina, uma proteína que é expressa depois de o mosquito se alimentar de sangue. Também foram acrescentados genes de duas outras proteínas, Dome e Hop, ativadas em Aedes geralmente resistentes à doença. 

De acordo com o estudo, tal modificação genética no Aedes aegypti não é eficiente para criar resistência ao zika e à chikungunya, no entanto. O pesquisador diz que a pesquisa pode ajudar a entender quais modificações são necessárias para esses outros vírus. 

“Nosso estudo ensinou que o sistema imunológico dos mosquitos não suprime a dengue, zika e chikungunya com o mesmo mecanismo [ou genes]. Isso nos ajudará a aplicar e descobrir outras modificações genéticas para torná-los resistentes a todos esses vírus”, completou.

'Aedes do Bem' no Brasil

O Brasil já tem uma experiência bem-sucedida com uma linhagem modificada do mosquito Aedes aegypti. 

Os mosquitos geneticamente modificados, ou transgênicos, produzidos pela empresa britânica Oxitec foram liberados, primeiro, em dois bairros da cidade de Juazeiro – Ituberaba e Mandacaru – e em um bairro da cidade de Jacobina, ambas na Bahia. 

Nessas áreas, o projeto foi liderado pela Universidade de São Paulo e pela organização Moscamed, com apoio da Oxitec. Depois, o mosquito também passou a ser liberado em Piracicaba. 

Os dois mosquitos são modificados geneticamente, mas são diferentes. Guilherme Trivellato, coordenador de operações de campo da Oxitec no Brasil, explicou que o estudo da Universidade Johns Hopkins tem como objetivo o “controle da doença” e que “o inseto continue se proliferando, mas seja menos propenso a transmitir a dengue”. 

Já o Aedes do Bem usado no Brasil, de acordo com o Trivellato, busca um “controle do vetor”. 

“É um mosquito que, ao ser liberado no ambiente, copula com a fêmea selvagem do Aedes aegypti. Seus descendentes herdam um gene autolimitante que faz com que morram antes de se tornarem adultos funcionais. Com isso, há uma supressão significativa da população selvagem do Aedes aegypti na área em que é utilizado o 'Aedes do Bem', sem permanecer no ambiente”, completou. 

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