Após perder todos os membros por infecção, britânico vence dificuldades e volta a trabalhar
Aos 34 anos, Alex Lewis teve de amputar um membro após o outro após descoberta de infecção; de volta ao trabalho, diz que sobreviver lhe deu força e ensinou que a vida é preciosa.
Alex Lewis perdeu todos os membros por causa de uma infecção.
Após três anos de recuperação, frustração e contratempos, Alex Lewis está finalmente voltando ao trabalho.
Em 2013, o britânico descobriu uma infecção estreptocócica tipo A, que
penetrou profundamente em seus tecidos e órgãos e provocou um
envenenamento sanguíneo, ou sepsia, que pode causar falência múltipla de
órgãos.
Em pouco tempo, viu-se em uma situação de luta pela vida. Alex perdeu
seus membros para uma bactéria carnívora e viu sua rotina mudar
completamente.
No entanto, não desanimou. "Eu não estava aproveitando a vida antes de
ficar doente e acho que essa doença me fez valorizar o que eu tinha",
disse ele à BBC.
Com o retorno ao trabalho de designer de interiores, Alex admite ter aprendido uma grande lição.
"A mensagem que fica é que eu posso continuar e quem sabe viver uma vida extraordinária, agora em um corpo diferente."
Mudança
Aos 34 anos de idade, o ex-proprietário de pub viu sua saúde se
deteriorar para um estado crítico em poucas semanas. Perdeu as pernas e
os braços. Perdeu também os lábios e o nariz.
"(A doença) me fez pensar de forma diferente o que é ser pai, parceiro, ser humano", disse
Cirurgiões precisaram retirar pele de seus ombros para substituir seus
lábios - deixando-o, ele brinca, parecido com um personagem de Os
Simpsons e com um nariz que escorre constantemente.
Apesar disso, Alex descreve o ano que descobriu a doença como o "melhor de sua vida".
A atitude positiva do britânico é considerada extraordinária pelas
pessoas ao seu redor. Ele diz que se sente mais feliz agora do que antes
de ficar doente. Muitos acham difícil de acreditar, mas ele insiste.
"(A doença) me fez pensar de forma diferente o que é ser pai, parceiro, ser humano", explica.
Mas Alex não consegue mais fazer muitas coisas das quais gostava, como
cozinhar e jogar golfe. Ele e sua companheira Lucy tiveram de abrir mão
do pub que tinham.
Infecção
Era novembro de 2013 quando Alex percebeu sangue em sua urina e manchas e machucados estranhos em sua pele.
Levado às pressas ao hospital, descobriu que tinha uma infecção estreptocócica tipo A.
Ao voltar ao trabalho, Lewis disse que 'é um novo homem' após a doença
A pele de seus braços e pernas e parte de sua face rapidamente
escureceram e gangrenaram - seus membros tiveram de ser amputados.
Para parentes e amigos que ficaram ao seu lado dia após dia, enquanto
ele respirava com a ajuda de aparelhos, foi algo chocante.
Alex diz que, quando soube que seu braço esquerdo teria de ser amputado
acima do cotovelo - resultado de uma gangrena que estava infeccionando
seu sangue -, não sentiu tristeza. Os médicos foram bastante realistas.
"Era uma questão de 'este braço está me matando'", conta.
Na segunda semana de dezembro, mesmo após a amputação, sua vida ainda
corria risco. Por isso, pouco tempo depois, Alex teve de perder também
as pernas.
"Processei cada amputação individualmente", conta. "Parte de mim
pensou, 'vamos só resolver esse processo para que eu possa sair do
hospital e voltar para casa'."
Para os médicos e para Alex, era crucial fazer o possível para preservar pelo menos um dos membros.
"Todos os amputados de quatro membros que conheci ao longo dessa
jornada me disseram que fariam tudo por uma mão", diz Alex. "(Com ela)
você ainda consegue fazer tarefas cotidianas, beber água, escrever."
Mas o dano era grave demais e, certa noite, enquanto dormia, Alex se
virou e acabou quebrando o braço ao meio, porque o osso estava
infeccionado.
Alex surpreendeu todos ao conseguir caminhar com próteses especiais logo nas primeiras semanas de recuperação.
Sua companheira Lucy ficou devastada, imaginando que a vida ficaria
muito mais difícil também sem esse membro. Mas Alex diz que achou o
desfecho melhor do que se ele tivesse tentado por anos salvar o braço em
vão.
"Acho que psicologicamente teria sido muito pior esperar muito tempo e depois perdê-lo", raciocina.
Recomeçar
Mas a partir daí, o britânico teve de aprender a viver uma nova vida.
Não conseguia mais se levantar sozinho, tampouco se lavar e se vestir.
Precisou acostumar-se à ajuda de um cuidador diariamente. Sua prioridade
passou a ser aprender a andar.
Esse aprendizado começou em um hospital de Roehampton, no sudoeste de
Londres. Em apenas duas semanas, Alex surpreendeu todos ao conseguir
caminhar com próteses especiais.
Ele já caminha há mais de três meses e diz que progrediu muito, mas
ainda pena para se adaptar. "Subir escadas é difícil, porque (as
próteses) são curtas."
Alex agora também usa próteses de braços, na forma de ganchos, que o
ajudam nas tarefas cotidianas.
Voltar ao trabalho, no último mês, foi
resultado de uma árdua jornada.
"É inquietante, mas acho incrível as coisas que o corpo humano é capaz de superar", afirma.
"Sempre fui tranquilo, relaxado. Essa atitude mudou, hoje tenho pressa
para conquistar coisas - o que no meu caso é conseguir pegar uma xícara
de café. (Mas) tenho sorte de estar vivo", diz.
"Foi, de longe, o ano mais incrível da minha vida. É difícil explicar,
mas me sinto forte, bem, saudável e feliz em casa, talvez mais do que
antes. Coisas ótimas saíram dessa experiência. Ela me fez perceber o
quão preciosa é a vida."
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