Cirurgia inédita no país devolve audição a pacientes com surdez parcial
Realizada no Hospital das Clínicas da USP, em Ribeirão Preto (SP), técnica implanta prótese auditiva no osso da cabeça do paciente. Procedimento já é realizado gratuitamente pelo SUS.
Por Jornal da EPTV 2ª edição
Desde que nasceu, a dona de casa Kátia Aparecida Rosa, de 43 anos,
sofria com dificuldade de audição, problema que afetou a fala e retardou
o aprendizado. Mesmo fazendo leitura labial, não são poucas as vezes em
que ela se perde em meio a uma conversa.
Submetida a uma cirurgia inédita no país, mas já realizada na
Dinamarca, onde a técnica foi desenvolvida, a dona de casa espera, pela
primeira vez, ouvir com clareza todos os sons e conquistar o seu maior
sonho: poder trabalhar fora de casa.
“Vou poder interagir com as pessoas, porque sou muito envergonhada,
muito tímida. As pessoas não me entenderem, ou eu não entender as
pessoas, ter que ficar repetindo, é chato isso. Então, vai melhorar
muito, até para eu arrumar um emprego”, diz.
A técnica cirúrgica realizada no Hospital das Clínicas de Ribeirão
Preto (SP) consiste em implantar uma prótese auditiva feita em titânio
no osso da cabeça do paciente, atrás da orelha. O processador capta as
ondas sonoras de maneira semelhante aos aparelhos auditivos
convencionais.
Entretanto, em vez de serem enviadas através do canal auditivo, as
ondas são transformadas em vibrações sonoras, que, por sua vez, são
levadas pelo implante por meio do osso do crânio diretamente ao ouvido
interno.
“A estimulação se faz diretamente para as células do ouvido interno, que
transformam o som e depois será percebido pelo cérebro. Então, o
indivíduo passa a ter uma resposta rápida e boa”, explica o
otorrinolaringologista Miguel Angelo Hyppolito.
O médico diz que o maior benefício da técnica é a recuperação mais
rápida do paciente, uma vez que a cirurgia pode ser feita com anestesia
local, a partir de uma pequena incisão na cabeça. Entretanto, o paciente
deve aguardar em média duas semanas até a ativação da prótese.
“Espera-se que em 15, 20 minutos, no máximo, você consiga realizar essa
cirurgia. Ela vai ser feita em nível ambulatorial, onde o paciente é
sedado simplesmente e tem a possibilidade de ir para casa no mesmo dia,
não há necessidade de internação prolongada”, completa.
O médico destaca que o procedimento já está sendo realizado pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), mas só pode ser feito em pessoas com perda
auditiva decorrente de problemas no ouvido externo ou médio, ou ainda
surdez unilateral.
É o caso da advogada Andrea Cristina, que perdeu a audição do lado
esquerdo em consequência de uma doença autoimune. Há três anos, ela
usava o aparelho auditivo convencional, mas, após algumas complicações,
decidiu se submeter à nova técnica.
“É revelador imaginar que a gente pode sair de um patamar que é bom e
ir para uma situação melhor. A gente se sente alegre, muito contente. Eu
já testei esse aparelho e é diferente. A gente percebe que é notória a
clareza do som que esse novo aparelho proporciona”, diz.
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