22/09/2016 07h00
- Atualizado em
22/09/2016 14h58
Médicos de Rio Preto estudam fazer transplante multivisceral no Brasil
Diretor de hospital de Miami, referência na cirurgia, esteve no HB.
Transplante troca todos o órgãos digestivos de uma só vez.
A equipe de transplantes do Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto (SP) tenta conseguir para a unidade o credenciamento para a realização de transplante multivisceral, que é a troca de todos o órgãos digestivos do paciente de uma só vez. Para isso, o diretor do maior hospital do mundo em transplante multiviscereal, Rodrigo Vianna, que esteve em Rio Preto na terça-feira (20) para o 3º Congresso Internacional de Cirurgia Geral, trocou informações sobre as técnicas usadas com médicos do HB.
A convite do amigo e chefe do Setor de Transplante de Fígado do Hospital de Base, Renato Silva, Vianna conheceu o HB e o setor onde já foram feitos mais de 4,2 mil transplantes de órgãos e tecidos desde 1992.Silva diz que o objetivo é assinar um convênio entre o HB e a Faculdade de Medicina de Miami.
"Pretendemos assinar este convênio para amadurecer a equipe e trazer o transplante multivisceral para o país, que é uma deficiência que temos", diz.
Vianna, de 45 anos, comanda o maior centro de transplante multivisceral do mundo que fica em Miami, nos Estados Unidos. Esse tipo de transplante ainda não é realizado no Brasil. Segundo os médicos, o transplante multivisceral é um dos mais complexos entre os transplantes, por isso são poucas as instituições que realizam esse tipo de cirurgia no mundo. De acordo com Silva, a ideia é trazer a técnica para o Hospital de Base em um prazo de um ano e meio.
Vianna afirma que o transplante multivisceral consiste na remoção de todos os órgãos do aparelho digestivo e a reposição desses órgãos que estão todos juntos, na maioria dos casos são fígado, estômago, pâncreas e intestino delgado, algumas vezes no intestino grosso e muitas vezes pode incluir os rins, repõe todos os órgãos do sistema digestivo. "É a cirurgia mais complexa que um ser humano pode sofrer", afirma Viana.
Para Renato Silva, o HB tem total condições de realizar esse tipo de transplante. "Temos tradição em transplantes, realizamos todos os tipos de transplante e o único que falta é o multivisceral, que é preciso ter um treinamento para fazer. Temos uma equipe de ponta em Miami que vai nos formar nesse tipo de transplante para que a gente atenda o povo brasileiro. O objetivo da medicina é esse", afirma.
Médicos Rodrigo Vianna e Renato Silva falaram
sobre transplantes (Foto: Reprodução/TV TEM)
sobre transplantes (Foto: Reprodução/TV TEM)
A menina passou pela cirurgia em Miami, no ano passado, mas acabou morrendo após ter infecção no pós-operatório. Segundo Vianna, o transplante havia ocorrido dentro da normalidade.
"Quem precisa deste tipo de transplante tem de ser deslocar para Miami e o custo de um transplante nos Estados Unidos sem dúvidas é muito maior do que o custo de um transplante realizado no Brasil. E temos que pensar em atender um número cada vez maior de pessoas e esse é o objetivo", afirma.
Depois de visitar as instalações do HB, Vianna disse que acredita ser possível levar esse transplante para o HB. "O mais importante são as pessoas. É preciso a massa crítica, que realmente tem interesse em desenvolver e acho que existe uma experiência muito grande no Hospital de Base na área de transplante. Tudo é possível se você tiver as pessoas certas envolvidas e a vontade de se fazer, sempre é possível", ressalta.
Para que o hospital possa realizar esse tipo de cirurgia é preciso que o Ministério da Saúde credencie a instituição, mas o Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que ainda não há um pedido formal para que o HB seja credenciado para fazer o transplante multivisceral.
Silva acredita que o governo irá credenciar o hospital. "Acredito que o governo será sensível a nossa luta, porque temos uma tradição, a instituição tem, o País precisa, e poucas universidades estão reivindicando enfrentar esse desafio que é o transplante multivisceral", diz.
Vianna diz que vê com bons olhos essa possibilidade. "O fato de eu ser brasileiro e a gente ter um centro em Miami, o segundo maior dos Estados Unidos, o maior do mundo multivisceral, para mim seria um prazer poder ajudar qualquer instituição a desenvolver essas técnicas", finaliza.
Médicos de Rio Preto estudam fazer transplante multivisceral no HB, em Rio Preto (Foto: Reprodução/TV TEM)
Nenhum comentário :
Postar um comentário