Segunda-feira, 05/09/2016, às 08:45,
por Dra. Ana Escobar
A American Heart Association ou Associação Americana do Coração lançou recentemente uma recomendação contraindicando fortemente o consumo de açúcar para crianças com menos de 2 anos
de idade. Para as crianças de 2 a 18 anos, o consumo total de açúcar
deve se limitar a 25g por dia, o que significa 6 colheres de chá ou 5
pacotinhos.
Até 1 ano de idade, tudo certo. Depois disso, nada
de bolo, nada de brigadeiro ou de docinhos nos aniversários dos irmãos
ou amigos mais velhos. Nada de sorvete, chocolate, suspiro e tantos mais
até que o pequeno complete 2 anos de vida.
Dúvidas importantes:
será que os pais brasileiros conseguiriam seguir esta recomendação?
Será que esta rígida restrição de consumo se aplica apenas aos
americanos, que enfrentam um grave problema de obesidade? E os açúcares
“embutidos” nos alimentos? Como ficam? Vamos refletir sobre isso.
Em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu o consumo máximo de 50g por dia de açúcar
e afirmou que o consumo de 25g por dia poderia, sim, trazer maiores
benefícios à saúde de todos, sem particularizar a faixa etária.
Importante
saber que o açúcar que consumimos pode estar basicamente em dois
locais: na mesa, que é o açúcar visível, que enxergamos e que usamos
para adoçar o leite, os sucos ou o café, por exemplo e o que está
“escondido” ou embutido em alimentos industrializados como sucos de
frutas, ketchup, sopas, pães, macarrão, fórmulas de leite em pó,
bolachas ou refrigerantes, para citar alguns exemplos.
Saliente-se que o açúcar natural das frutas, legumes, verduras ou do
leite fresco ficam fora desta conta. O consumo destes alimentos, ao
contrário, é bastante incentivado.
Segundo a OMS os brasileiros
consomem 50% a mais de açúcar do que deveriam, ou seja, 75g por dia, em
média, o que equivale a 18 colheres de chá ou 15 pacotinhos. Muito
próximo das crianças e adolescentes americanos que consomem uma média
de 79g por dia de açúcar, ou seja, mais ou menos 19 colheres de chá.
Lembrando que a recomendação é diminuir para no máximo 6 colheres de chá
por dia, ou seja, 5 pacotinhos.
A obesidade infantil é também
um problema sério no Brasil. Segundo a ABESO ( Associação Brasileira
para o estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), quase 40% das
crianças de 5 a 9 anos na região sudeste estão com sobrepeso. A
obesidade sabidamente está relacionada a outros problemas de saúde como
hipertensão e diabetes, por exemplo.
O gosto pelo paladar mais
“doce” se faz principalmente na infância. Por esta razão é importante
acostumar os pequenos a consumir alimentos com baixo teor de açúcar.
Vale também para adolescentes e adultos. Quanto menos açúcar, melhor.
Tente, por exemplo, começar a tomar o cafezinho sem açúcar. Faça assim
também com outros alimentos, como chás, sucos, leite e tantos outros.
Com o tempo, o paladar se acostuma.
O equilíbrio é a conduta de
ouro neste e em tantos outros casos. Sem exageros, nem para um lado e
nem para o outro. Pode ser difícil privar uma criança maior de 1 ano de
um brigadeiro em uma festinha. Não a prive. São estas exceções que
tornam a infância e a vida um pouco mais gostosa e doce; desde que a
exceção não se torne a regra, claro!
O consumo com consciência e ponderação, embasado no conhecimento científico, é sempre o mais indicado em todas as idades.
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