Comer placenta faz bem?
Este hábito não é novo e se chama placentofagia. Kim Kardashian e outras celebridades também aderiram à polêmica moda e degustaram suas respectivas placentas, na crença de que tal fato poderia trazer benefícios para suas saúdes, a exemplo de outros mamíferos, posto que o órgão é nutricionalmente rico em hormônios, ferro e outros nutrientes.
Porém, diferentemente de outros mamíferos, que a comem “in natura”, Bela Gil e as celebridades acharam formas talvez mais palatáveis para comê-la, como na referida vitamina de banana ou em cápsulas de placenta em pó.
Nos Estados Unidos há, inclusive, uma empresa que produz placenta em cápsulas. Isso mesmo. As placentas enviadas são cozidas no vapor, fatiadas, desidratadas e transformadas em pó que é colocado em cápsulas a serem ingeridas pelas respectivas doadoras. O pacote completo vem com o cordão umbilical desidratado, decorando o pacote na forma de um coração.
É seguro, sob o ponto de vista da saúde, ingerir a placenta?
Considerando que a placenta de uma mãe portadora de vírus como hepatite ou HIV, por exemplo, pode ser uma fonte de contaminação, não se recomenda, sob nenhuma hipótese, ingerir a placenta alheia. Por isso esperamos que Bela Gil tenha certeza de seu próprio bom estado de saúde, uma vez que deu a vitamina de placenta e banana para sua filha mais velha tomar. A placenta pode, sim, transmitir doenças infectocontagiosas. Além disso a placenta contém hormônios que podem não ser interessantes para pessoas – especialmente, crianças – não grávidas. Muito cuidado, portanto.
E sob o ponto de vista de saúde materna? Há vantagens?
As pessoas que preconizam a ingestão de placenta acreditam que, graças aos hormônios nela contidos, o útero voltará mais rapidamente ao tamanho normal, a produção de leite será otimizada e a possibilidade de depressão pós parto será menor.
Isso tudo é fato?
Nada disto está cientificamente comprovado.
Mas se tudo isso for fato, seria recomendável, sob o ponto de vista de saúde, comer as próprias placentas?
Claro que não. Em hipótese alguma. Se os mamíferos humanos há muito, muito tempo deixaram esta prática para trás (se é que algum dia a tiveram) é porque a evolução natural nos preparou para não necessitar da placenta como veículo portador de hormônios ou nutrientes no pós-parto.
As mulheres, ao longo da evolução humana, desenvolveram um organismo e hábitos de vida que prescindem da necessidade da placenta. A começar pelo fato de que, na natureza, o macho animal raramente está presente e nem pode ajudar no momento do parto. Não existem doulas nem parteiras. Resta à fêmea, portanto, no período pré, durante e após o parto contar apenas com ela mesma para assegurar a própria nutrição e a nutrição da cria. Mais que isso: tem também que dar conta da proteção dos filhotes contra os predadores implacáveis que vem à busca de carne fresca. A placenta, se não for devidamente ingerida, pode funcionar como uma isca perfeita.
Nos últimos séculos da história humana, bebês nascem sem o perigo de predadores e, a não ser em locais muito carentes do planeta, a nutrição da parturiente é garantida em todos os seus aspectos essenciais. Sob o ponto de vista hormonal, também não há necessidade nenhuma da placenta para organizar o organismo da mulher que deu à luz.
Não há, portanto, nenhuma evidência científica que demonstre benefícios em comer a placenta. Ao contrário, é uma ideia que provoca repulsa na maioria das pessoas. Deve haver uma razão para isso.
Mas gosto e crenças não se discutem.
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/comer-placenta-faz-bem.html
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