4/1/2016 às 09h53
Crioterapia: como são as sessões abaixo de zero que
encantam atletas e famosos?
Técnica consiste em entrar por dois ou
três minutos em um tanque de gás de nitrogênio, a temperaturas de até 150ºC
negativos.
Chelsea Ake-Salvacion trabalhava havia
três anos em um centro de beleza em Las Vegas, nos Estados Unidos, que oferecia
tratamentos de crioterapia. A técnica consiste em uma exposição de poucos
minutos a temperaturas abaixo de zero, o que traria benefícios para a saúde.
Há pouco mais de um mês, a jovem de 24
anos estava sozinha à noite no estabelecimento e decidiu experimentar uma das
câmaras de crioterapia. Segundo autoridades, morreu congelada depois de ficar
presa no equipamento "durante pelo menos 10 horas".
Sua morte abriu um debate nos Estados
Unidos sobre a segurança desta técnica pouco estudada, e que nos últimos anos
vem ganhando popularidade entre esportistas de elite e estrelas de Hollywood.
Seus defensores asseguram que a
crioterapia serve para o tratamento de dores corporais e acelera a recuperação
física, além de emagrecer, melhorar o sistema imunológico, retardar o
envelhecimento e aumentar a disposição.
Os supostos benefícios não são
consenso, no entanto, entre membros da comunidade científica.
150 graus negativos
A chamada crioterapia do corpo completo
consiste em entrar durante dois ou três minutos em um tanque cilíndrico ou numa
câmara similar a uma sauna a vapor que se enche de gás de nitrogênio, chegando
a temperaturas de até 150ºC negativos.
Foi desenvolvida nos anos 1970, no
Japão, pelo médico Toshima Yamauchi, que começou a usar a técnica no tratamento
de pacientes com artrite reumatoide.
A crioterapia do corpo completo é
diferente da crioterapia simples, uma técnica médica reconhecida que consiste
em aplicar nitrogênio líquido em algumas partes do corpo para, por exemplo,
matar tecidos cancerosos.
Centros de beleza se espalharam, nos
últimos anos, pelas principais cidades dos Estados Unidos, oferecendo sessões
por 60 dólares.
É comum que atletas de alta performance
tomem banhos de gelo após partidas, a fim de acelerar sua recuperação
Se, tradicionalmente, esportistas de
elite mergulham em banhos de gelo após partidas para acelerar sua recuperação
física, hoje alguns têm substituído a prática por sessões crioterápicas - mesmo
não havendo estudos decisivos sobre a efetividade desta técnica.
Após a morte de Chelsea Ake-Salvacion,
as autoridades de Nevada prometem investigar os níveis de segurança desta
técnica e seus aparatos.
Segundo o jornal The New York Times, o caso de uma mulher que afirma ter
sofrido queimaduras de terceiro grau dentro de uma das câmaras será levado a um
tribunal no Texas, neste mês de janeiro.
'Um pouco de medo'
Seth Abramovitch, jornalista da
revista The Hollywood Reporter, ouviu falar pela primeira vez
da crioterapia no ano passado, quando estava preparando uma reportagem sobre os
tratamentos usados por famosos para retardar o envelhecimento.
"Esses modismos e tratamentos meio
loucos costumam ser lançados em Los Angeles e em Hollywood, em particular. Têm
mais a ver com a medicina alternativa que com outra coisa", disse
Abramovitch à BBC Mundo.
Jogadores da seleção de futebol
francesa já experimentaram a crioterapia
O jornalista teve a chance de provar a
técnica em um dos centros mais populares de Los Angeles.
"Dá um pouco de medo, porque uma
vez que você está dentro da câmara ela começa a se encher de gás de nitrogênio
e não se consegue enxergar nada", diz.
"Aí a umidade do seu corpo se
evapora. Você não pode estar vestindo nada, porque o suor que fica na roupa se
congelaria e as peças se colariam a seu corpo. Você se sente vulnerável pelado
ali. Eu pensava no que aconteceria se a porta travasse... senti medo."
Ele continua: "A temperatura baixa
afeta o corpo de repente e ele entra em estado de choque. Ao sair da câmara
você sente o corpo quente e a pele descascando".
Abramovitch assegura que não notou
nenhum benefício em particular, ainda que os responsáveis pelo centro de
crioterapia tenham dito que a técnica só é efetiva depois de o paciente se
submeter a no mínimo duas sessões.
Nenhum comentário :
Postar um comentário