03/05/2016 07h31
- Atualizado em
03/05/2016 07h32
Avanço de supergonorreia que pode se tornar intratável preocupa Grã-Bretanha
Bactéria transmitida por sexo vaginal, oral e anal sem proteção tem resistido a antibióticos; entre mulheres e gays, 3 a cada 4 infectados não apresentam sintomas.
Especialista pede que a população pratique sexo seguro para minimizar o risco de contágio (Foto: Reuters)
A agência governamental Public Health England reconheceu que medidas tomadas para conter a epidemia tiveram "sucesso limitado".
Até o momento, foram confirmados por meio de testes de laboratório 34 casos de supergonorreia, mas acredita-se que esta seja apenas a ponta do iceberg, já que um portador da infecção pode não apresentar sintomas.
Médicos temem que em breve seja impossível tratar a doença, que é transmitida sexualmente e pode levar à infertilidade.
Resistência
O surto começou em casais heterossexuais, mas agora é detectado também em homens gays. "Estávamos preocupados que ela poderia se espalhar entre homens que fazem sexo com outros homens", diz o consultor médico especializado em saúde sexual Peter Greenhouse.
"O problema é que (eles) tendem a disseminar infecções mais rapidamente, já que trocam de parceiros com maior frequência."
Esse grupo também têm maior probabilidade de casos de gonorreia na garganta, onde é maior a chance do organismo desenvolver resistência a antibióticos já que estes medicamentos são administrados em menor dosagem para infecções nesta área do corpo, que também está repleta de outras bactérias que podem ser resistentes a drogas.
A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, transmitida por sexo vaginal, oral e anal sem proteção e muito adaptável e resistente a antibióticos.
Por isso, duas drogas - azitromicina e ceftriaxona - são usadas conjuntamente. Mas, agora, a resistência à azitromicina está se espalhando, e médicos receiam ser uma questão de tempo até que o mesmo ocorra com a ceftriaxona.
Acredita-se que, entre os infectados, cerca de um a cada dez homens heterossexuais e mais de três quartos das mulheres e de homens gays não apresentam sintomas, que podem incluir uma secreção esverdeada ou amarela nos órgãos sexuais, dores ao urinar e sangramento.
Se não for tratada, a infecção pode levar a infertilidade e a inflamação pélvica crônica, e ser transmitida para um bebê durante a gravidez.
Sexo seguro
Médicos britânicos de renome alertam que há um risco real da gonorreia tornar-se intratável. "Não podemos nos dar ao luxo de sermos complacentes", diz Gwenda Hughes, chefe para infecções sexualmente transmissíveis da Public Health England.
"Se surgirem variedades de gonorreia resistentes tanto à azitromicina quanto à ceftriaxona, as opções de tratamento serão limitadas já que não existe nenhum antibiótico disponível para tratar esse tipo de infecção."
Ele pede que a população pratique sexo seguro para minimizar o risco de contágio.
Também há uma campanha em curso para incentivar pessoas infectadas que alertem seus parceiros sexuais - após testes indicarem que 94% de parceiros estavam infectados.
No entanto, a agência diz que os resultados desta campanha foram "limitados".
A Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV disse ser necessária uma reação rápida à infecção.
Sua presidente, Elizabeth Carlin, afirmou que a "disseminação da gonorreia altamente resistente à azitromicina é motivo de enorme preocupação e que é essencial tomar toda medida possível para impedir que se espalhe ainda mais."
"Falhar ao responder de forma adequada a isso ameaça nossa habilidade de tratar a gonorreia de forma eficaz e leva a uma deterioração da saúde de indivíduos e da sociedade como um todo."
Porém, o consultor Peter Greenhouse diz que os serviços públicos de saúde sexual estão passando por seu "momento de maiores restrições" devido a um corte de recursos e que o surgimento da superbactéria se dá em meio às "condições de uma tempestade perfeita".
Ao mesmo tempo, o governo britânico anunciou uma nova ferramenta para ajudar que clínicos gerais reduzam o número de antibióticos prescritos, ao comparar seus hábitos com os de outros especialistas.
"Quero que antibióticos sejam prescritos somente quando forem necessários", disse o secretário de Saúde, Jeremy Hunt.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/05/avanco-de-supergonorreia-que-pode-se-tornar-intratavel-preocupa-gra-bretanha.html
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