21/07/2016 14h17
- Atualizado em
21/07/2016 14h18
Greve no Ipen afeta fornecimento de radiofármacos e atrasa procedimentos
Técnicos reivindicam mudança em projeto de lei de reajuste salarial.
Houve atraso na entrega de insumos na segunda e na terça-feira.
PET-CT, exame usado no diagnóstico de câncer, é um dos procedimentos que utiliza radiofármacos produzidos pelo Ipen (Foto: Reprodução EPTV)
Uma greve no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen) pode afetar diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer, doenças cardiovasculares, doenças neurológicas, entre outras enfermidades. O instituto é o produtor de cerca de 95% de todos os radiofármacos usados no Brasil. Radiofármacos são substâncias radioativas utilizadas na medicina tanto para exames quanto para terapias.O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Claudio Tinoco Mesquita, observa que os radiofármacos atuam em quase todas as áreas da medicina e que a entidade vê a situação com preocupação.
Segundo Mesquita, podem ser afetados pacientes com câncer de pulmão, colorretal e linfoma que necessitem do PET-CT, exame que utiliza o radioisótopo Flúor-18; pacientes com câncer de tireoide, doença tratada com iodo radioativo; pacientes com doenças cardiovasculares que precisem do exame de cintilografia do miocárdio, que também utiliza uma substância radioativa, entre outros.
Reivindicação
Os técnicos do Ipen, que começaram a paralisação na segunda-feira (18), reivindicam uma mudança no Projeto de Lei nº 33/2016, que diz respeito ao reajuste salarial de funcionários federais, segundo Claudio Manoel Constâncio, diretor da Associação dos Servidores do Ipen (Assipen).
Os técnicos ficaram de fora desse projeto, o que na prática pode significar que, além de não receberem o reajuste previsto de 5% para este ano e 5% para o ano que vem, eles perderiam a gratificação de qualificação, que representa 40% da remuneração desses funcionários. O projeto de lei já passou pela Câmara e pelo Senado e aguarda sanção presidencial.
“Fomos ao governo e eles reconhece o erro, mas dizem que não tem como alterar o projeto de lei”, diz Constâncio. Segundo ele, a lei afetaria todos os técnicos da área de Ciência e Tecnologia da esfera federal, cerca de 8 mil pessoas.
Constâncio afirma que os técnicos fecharam o setor de produção de radiofármacos nesta quinta-feira (21) e que a categoria também vai boicotar a ida de 30 técnicos para Manaus e Salvador como parte da aplicação do protocolo de segurança para material radioativo durante a Olimpíada.
Procedimentos adiados
Segundo o superintendente do Ipen, José Carlos Bressiani, o movimento já provocou atrasos na entrega de radiofármacos na segunda e na terça-feira. Exames e procedimentos marcados para esses dias tiveram de ser remarcados.
“Estamos deslocando pessoas de outros setores para ajuda na produção, mas a associação decidiu em assembleia bloquear a saída do material. Se isso ocorrer, não vai ter como entregar”, diz. Ele acrescenta que o Ipen está em negociação com a associação de servidores e com o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) para reverter a paralisação.
Se houver a interrupção do fornecimento do material, 430 clínicas e hospitais em todo o Brasil serão afetadas. Por dia, de 5 mil a 6 mil pacientes fazem algum exame ou tratamento com radiofármaco no país.
De acordo com Bressiani, além da greve, o Ipen vive uma crise financeira. “A gente tem recurso para tocar até mais ou menos a metade de setembro. A partir daí, precisa complemento de orçamento. Se não complementar, não tem como fazer”, afirma.
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear defende a quebra do monopólio do governo sobre os radiofármacos e que exista uma abertura do mercado para outros fornecedores, para evitar uma dependência tão grande do Ipen.
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/07/greve-no-ipen-afeta-fornecimento-de-radiofarmacos-e-atrasa-procedimentos.html
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