26/10/2016 11h10
- Atualizado em
26/10/2016 12h02
Fábrica para produzir 60 milhões de 'Aedes do Bem' é inaugurada em SP
Quantidade será produzida por semana em unidade instalada em Piracicaba.
Oxitec diz que gastou R$ 20 milhões e que finalidade 'não é comercializar'.
Mosquitos 'Aedes do Bem' são alimentados em fábrica de Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
Uma fábrica capaz de produzir 60 milhões de mosquitos geneticamente modificados por semana para combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da zika, dengue e chikungunya, foi inaugurada nesta quarta-feira (26) em Piracicaba (SP). O chamado "Aedes do Bem" é utilizado no município desde julho de 2015 e, segundo Prefeitura e Oxitec, empresa que produz o transgênico, reduziu 91% os casos de dengue no 1º bairro que recebeu os insetos.Inicialmente, a unidade vai fabricar um terço da capacidade total, aproximadamente 20 milhões de machos modificados por semana. A fábrica tem 5 mil metros quadrados e fica no distrito industrial Unileste. Foram gastos cerca de R$ 20 milhões para construção do local, que amplia em 30 vezes a capacidade de produção da Oxitec, que já tinha sede em Campinas (SP).
"Estamos preparados para expandir nossa produção, em qualquer escala, para ajudar a proteger os brasileiros", disse o diretor da Oxitec, Glen Slade.
Os mosquitos machos transgênicos não picam e não transmitem as doenças. Conforme a empresa, ao serem liberados, eles procuram se reproduzir com fêmeas selvagens do Aedes aegypti. Os filhotes desse cruzamento herdam um gene que faz com que eles morram antes de se tornarem adultos, afirma a Oxitec.
Os descendentes do "Aedes do Bem" também nascem com um "marcador fluorescente" que permite a identificação no laboratório, o que permite rastreamento e monitoramento para avaliação da eficiência do projeto.
Autorização da Anvisa
A empresa obteve aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para operar, porque a metodologia foi considerada segura.
Em abril deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a criação de um marco regulatório capaz de avaliar o tema para conceder um registro especial e temporário para o mosquito transgênico produzido pela Oxitec, o OX513A.
A Oxitec não tem autorização para comercializar o "Aedes do Bem". Apesar de ter gasto R$ 20 milhões na fábrica de Piracicaba, o objetivo ainda "não é de comercializar" os mosquitos, segundo Karla Tepedino, coordenadora de produção da empresa.
O contrato para soltura dos insetos transgênicos em bairros de Piracicaba é de R$ 3,7 milhões e, segundo a Oxitec, o projeto também tem caráter experimental e de pesquisa, sem finalidade comercial.
Profissional faz seleção de Aedes machos e fêmeas em fábrica de Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
Os mosquitos geneticamente modificados foram soltos em 10 bairros da região central de Piracicaba em setembro deste ano. A área tem 60 mil moradores. Os primeiros resultados poderão ser observados após três ou seis meses do início da soltura dos insetos na região.
O Cecap é onde o projeto foi aplicado de maneira experimental pela primeira vez na cidade. Na região, o projeto está no segundo ano de execução. O bairro teve uma redução de 91% no número de casos de dengue em um ano, segundo dados divulgados pela Prefeitura e pela Oxitec.
A quantidade de pessoas infectadas no bairro Cecap/Eldorado, que tem cerca de 5 mil habitantes, foi de 133 casos entre julho de 2014 e o mesmo mês do ano passado, antes da liberação do chamado "Aedes do Bem". Já de julho de 2015 até julho de 2016, foram registradas 12 pessoas com dengue na região.
Processo separa mosquitos Aedes machos de fêmeas em fábrica de Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
Fábrica de Mosquitos Aedes do Bem em Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)
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