Dois bilhões de crianças vivem em áreas poluídas, diz Unicef
Desse número, 300 milhões vivem em locais onde a poluição é extrema
Segundo Unicef, 2 bilhões de crianças no mundo vivem em áreas
poluídas
Albert González Farran/ UN
Os dados são do relatório Clear the Air for Children (Limpe o Ar para as Crianças, em tradução livre), divulgado nesta segunda-feira (31) pelo Fundo da Unicef (Nações Unidas para a Infância), e consideram apenas a poluição exterior, deixando de contabilizar crianças expostas à poluição do ar dentro de casa.
Segundo o Unicef, quase 600 mil crianças com menos de 5 anos morrem todos os anos de doenças causadas ou agravadas pelos efeitos da poluição do ar interior e exterior, o que representa quase 10% de todas as mortes nesta faixa etária.
A poluição provoca abortos, parto prematuro e bebês com baixo peso ao nascer, pois pode atravessar a barreira placentária, interferindo no desenvolvimento do feto quando a mãe está exposta a poluentes tóxicos.
A poluição, cujo custo ultrapassa 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, pode prejudicar ainda o desenvolvimento saudável do cérebro das crianças.
O Unicef alerta para o risco extremo a que estão expostas crianças que crescem muito perto de zonas industriais, lixões ou em lares sem ventilação, onde o alimento é preparado em fogões a lenha.
— Todas estas crianças estão respirando poluentes noite e dia, que põem em perigo a sua saúde, ameaçam suas vidas e enfraquecem seus futuros. Muitas destas crianças já estão prejudicadas pela pobreza e privação. Alguns estão em risco elevado de conflitos, crises e os efeitos de intensificação das mudanças climáticas.
O Sul da Ásia é onde há o maior número de crianças que vivem nessas áreas (620 milhões), seguido da África (520 milhões). O Leste da Ásia e Pacífico tem 450 milhões de crianças que vivem em áreas que excedem os limites das diretrizes. Os resultados são divulgados uma semana antes da conferência sobre mudanças climáticas, a COP 22, que ocorre em Marrakesh, no Marrocos, onde a Unicef apelará aos líderes mundiais para tomarem medidas urgentes de redução da poluição do ar em seus países.
Portugal
Em Portugal, a organização não governamental (ONG) Zero — Associação Sistema Terrestre Sustentável, diz que, em Lisboa, foi identificada relação entre o número de registros de crianças em urgências hospitalares e dias mais poluídos, o que tem feito o país implementar “zonas de emissões reduzidas”, como é o caso da capital, onde se proíbem veículos antigos.
Segundo Francisco Ferreira, presidente da Zero, Portugal ainda tem vários locais onde se ultrapassam os valores limite de dióxido de nitrogênio e de partículas e a principal causa destes valores elevados é o intenso tráfego rodoviário em cidades como Lisboa e Porto.
Ferreira destaca, entre as iniciativas que contribuem para uma redução na poluição, uso de energias renováveis e na eficiência energética, a utilização dos transportes públicos e de uma mobilidade suave (andar mais a pé, de bicicleta, ou mesmo recorrendo a veículos elétricos) e o ordenamento do território que aproxime as pessoas do seu local de trabalho.
— Na indústria, é fundamental apostarmos em produtos que impliquem menor poluição e aplicar as melhores tecnologias disponíveis.
Fonte: http://noticias.r7.com/internacional/dois-bilhoes-de-criancas-vivem-em-areas-poluidas-diz-unicef-31102016
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