Municípios que apoiaram judicialização envolvendo cubanos do Mais Médicos podem sair do programa, diz ministro
Ricardo Barros compareceu à conferência da Organização Mundial da Saúde em Montevidéu, no Uruguai, e disse que processos no programa acontecem 'naturalmente'.
Por Carolina Dantas, G1, Montevidéu
O ministro da Saúde Ricardo Barros, em entrevista ao G1,
disse que a comissão tripartite de gestores do SUS, que inclui o
ministério e representantes estaduais e municipais, pretende excluir
cidades que tenham de alguma maneira incentivado processos movidos pelos
cubanos do Programa Mais Médicos. Barros discursou na tarde desta
quarta-feira (18) na Conferência Mundial da Organização Mundial da Saúde
(OMS) sobre doenças não-transmissíveis em Montevidéu, no Uruguai.
De acordo com o próprio ministério, são 154 processos recebidos até agora,
de quase 200 médicos cubanos vinculados ao programa de cooperação entre
o governo de Cuba, do Brasil e a Organização Panamericana de Saúde
(OPAS). Eles pedem para permanecer atuando no Brasil e para receber o
mesmo salário oferecido aos profissionais de outros países, já que pelos
termos do acordo com Havana, recebem só uma parte do que paga o governo
brasileiro -- a diferença fica com o governo cubano.
"A ideia é contestar a judicialização. Inclusive, a comissão tripartite
decidiu que os municípios que apoiaram a judicialização de cubanos
sejam excluídos do programa. Porque é o acordo, foi firmado, é só
cumprir. Nós apoiamos, é uma decisão tripartite, portanto do ministério
da saúde, estados e municípios", afirmou.
Segundo Barros, os médicos cubanos "chegaram em levas e a cada vez que
um determinado número de bolsistas encerra o seu prazo de três anos,
alguns tentam ficar e judicializam".
"Então, naturalmente isso vai acontecer na medida em que vão
completando os três anos e pelo convênio são obrigados a retornar para
Cuba. Eu vejo que é um processo que está tranquilo. A grande maioria não
recebe liminar, não tem ganho no mérito e nós vamos fazer um esforço
muito grande para que as condições acordadas nos convênios sejam
mantidas", afirmou.
Refil e taxação de refrigerantes
Durante o primeiro dia de conferência, o destaque dos mais de 30
ministros da saúde foi o combate à obesidade. O diretor-geral da OMS,
Tedros Adhanom, disse que as empresas de alimentos envenenam as pessoas.
Chamou a atenção para a necessidade da redução de sal e açúcar nos
alimentos, assim como a taxação dos alimentos industrializados sem
responsabilidade.
De acordo com o ministro, há um estudo sendo feito para aumentar a
taxação das bebidas
açucaradas.
A medida já foi adotada pelo governo do
México, que conseguiu reduzir o consumo, de acordo com pesquisas
recentes. O caso foi citado pelo diretor-geral como um bom exemplo a ser
seguido.
Barros discursou dizendo que deverá encaminhar o projeto de lei para a
proibição do refil dos refrigerantes. Falou, também, do guia da
alimentação saudável, citado por outros integrantes da Organização
Mundial da Saúde como uma boa prática no país.
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