Expansão da febre amarela para o Rio de Janeiro preocupa especialistas
Brasil registrou 424 casos de febre amarela. A doença causou 137 mortes em 80 municípios.
A recente confirmação de dois casos de febre amarela no estado do Rio
de Janeiro representa uma situação preocupante de expansão da doença
pelo país, na opinião de especialistas ouvidos pelo G1. Desde o início
do surto, em dezembro de 2016, a doença já tinha sido identificada em
humanos em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Também houve um
caso confirmado de febre amarela silvestre em macaco na Bahia, no
município de Alagoinhas, a 100 km de Salvador.
“Isso aponta para a existência de algo que está facilitando a
transmissão do vírus da febre amarela em locais diferentes e não
contíguos do Brasil, regiões completamente distantes”, observa o
infectologista Antonio Bandeira, coordenador do comitê de arboviroses da
Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
De acordo com Bandeira, o Brasil tem tido casos de febre amarela
silvestre em ciclos que se repetem a cada 7 ou 8 anos. “A diferença
desta vez é que o que parecia estar restrito a Minas Gerais e Espírito
Santo tem afetado outras regiões, o que leva a uma preocupação muito
maior em relação ao atual surto.”
O biólogo Horácio Teles, do Conselho Regional de Biologia, explica que o
vírus da febre amarela circula naturalmente nas florestas brasileiras,
de forma mais intensa no norte do país. Em alguns momentos, as
populações de macacos resistentes ao vírus diminuem, passando a
predominar as populações vulneráveis.
São nesses momentos que os macacos
começam a morrer e aumenta o risco de transmissão da doença para
humanos em regiões próximas às matas.
Até o momento, ainda não há evidências de transmissão urbana de febre
amarela no Brasil, apenas a silvestre, cujos vetores são os mosquitos Hamagogus e Sabethes.
Caso o vírus passe a ser transmitido pelo mosquito Aedes aegpti nas
cidades, a doença pode se disseminar de forma ainda mais rápida. “Se
temos a maior parte da população vivendo em ambiente urbano, imagine o
que pode acontecer, com o Aedes aegypti amplamente disseminado nas cidades. Caso o vírus da febre amarela passe a circular nesse meio, seria um caos”, afirma Teles.
Já para Bandeira, é muito difícil prever as consequências de um surto
urbano de febre amarela, já que a última vez que a situação foi
registrada no Brasil foi em 1942. “Hoje temos uma população que já foi
vacinada. Essa transmissão, se por acaso vier a ocorrer, pode não ganhar
dimensões tão grandes e ficar presa a focos específicos”, diz o
infectologista.
Segundo os especialistas, neste momento de expansão da doença, a melhor
forma de prevenção é intensificar a vacinação nas regiões afetadas pelo
vírus. Além disso, medidas de combate ao Aedes aegypti são bem-vindas ainda que a transmissão urbana não tenha sido identificada no Brasil até o momento.
“Como sabemos previamente onde os potenciais vetores no ambiente
urbano, é preciso investir no combate a eles, desta forma se reduz o
risco de introdução do vírus em ambiente urbano”, diz Teles.
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