Reino Unido concede primeira licença para fecundação de "três pais"
Centro de Fertilidade de Newcastle pretende oferecer tratamento a 25 pacientes por ano. Técnica controversa visa permitir que progenitores com mutações genéticas raras possam gerar filhos saudáveis.
O órgão regulador de fertilização humana do Reino Unido concedeu nesta quinta-feira (16) ao Centro de Fertilidade de Newcastle, no norte da Inglaterra, a primeira licença para a utilização do método de fecundação de bebês nascidos a partir do DNA de três progenitores.
Em dezembro do ano passado, o controverso método recebeu a aprovação
definitiva da Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA),
mas para ser aplicado, clínicas precisam solicitar junto ao órgão uma
licença. A chamada "fecundação de três pais" havia sido aprovada
legalmente no país em 2015, mas em caráter provisório.
A equipe de médicos de Newcastle comemorou a concessão e afirmou que
esta é uma ótima notícia. Com a licença, o centro poderá oferecer o
procedimento. A instituição, ligada à Universidade de Newcastle,
pretende oferecer o tratamento a 25 pacientes por ano.
A técnica de reprodução assistida utiliza o DNA de três progenitores
diferentes – pai, mãe e um doador ou doadora – permitindo que casais com
mutações genéticas raras possam gerar filhos saudáveis.
O tratamento pode ocorrer de várias maneiras. A técnica aprovada pelo
órgão regulador britânico, chamada de transferência pronuclear, implica a
fertilização do óvulo da mãe e de uma doadora com o esperma do pai.
Os
núcleos são retirados antes que os óvulos fertilizados comecem a se
dividir, descartando-se em seguida o da doadora e substituindo-o pelo da
mãe.
O feto terá uma quantidade mínima de DNA da doadora, mas os elementos
que definem as características físicas e a personalidade serão os dos
pais. A técnica somente poderá ser aplicada se houver riscos bastante
elevados de o bebê desenvolver uma doença mitocondrial.
"Doenças mitocondriais podem ser devastadoras para famílias afetadas, e
esse é um dia histórico para pacientes", afirmou o diretor da pesquisa
da Universidade de Newcastle, Doug Turnbull.
O primeiro bebê concebido através dessa técnica nasceu no início de
2016 numa clínica do México, onde médicos americanos aplicaram o
tratamento num casal jordaniano. Os críticos desse procedimento temem
que a aprovação da técnica abra caminho para bebês geneticamente
planejados, os chamados "designer babies".
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