domingo, 26 de março de 2017

Por que algumas pessoas voltam a engordar após a cirurgia bariátrica?

Boa parte dos pacientes estabilizados e "liberados" para realizar a cirurgia, abandonam o tratamento psiquiátrico precocemente, o que faz com que os sintomas voltem e o processo de emagrecimento seja interrompido.

Mais de 30 milhões de brasileiros são obesos e o sonho de muitos é conseguir comer menos. Uma alternativa para o prato ficar mais leve é o balão gástrico que ocupa parte do estômago, mas o cirurgião bariátrico Doutor Caetano Marchesini explica que a operação é apenas uma parte do processo. 

E com a ajuda do psiquiatra Alexandre Pinto de Azevedo, o Bem Estar desta sexta-feira (24) explica porque algumas pessoas fazem a bariátrica e engordam tudo de novo. 

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Todo processo de emagrecimento rápido gera deficiências nutricionais por causa da baixa ingestão de calorias. No caso da cirurgia bariátrica, além da perda rápida de peso, a absorção das vitaminas é ainda mais prejudicada por causa da redução do estômago e do desvio do intestino. 

O mecanismo de absorção dos nutrientes acontece assim:
Cada parte do intestino absorve um tipo de vitamina. Quando o duodeno e o intestino delgado são desviados (técnica Baypass), as vitaminas que mais se perdem são o ferro e o cálcio. Já no estômago, a redução do tamanho afeta a absorção pela área reduzida e pela diminuição da produção de uma enzima responsável pela absorção da vitamina B12. 

Dr. Caetano explica que depois de um ano de bariátrica, o corpo se adapta a essas mudanças e os nutrientes podem voltar a ser absorvidos. Por isso é fundamental uma avaliação médica anual para verificar a deficiência de vitaminas, nem sempre o uso complementar precisa ser feito para o resto da vida. 

Compulsão alimentar – Segundo o Dr. Caetano Marchesini, a compulsão alimentar não é uma contraindicação para fazer a cirurgia bariátrica. O que é fundamental, nestes casos, é tratar a compulsão antes da cirurgia e fazer acompanhamento para o resto da vida com nutricionista e, principalmente, psiquiatra. 

Pré-operatório – A cirurgia bariátrica não trata a obesidade. A pessoa continua se comportando como obesa, por isso, ela precisa de um acompanhamento para a vida toda. É fundamental fazer uma avaliação psicológica, nutricional e endocrinológica, além dos exames de preparo. 

Pós-operatório – Toda pessoa que faz bariátrica precisa tomar vitamina pelo menos no primeiro ano após a cirurgia. Para manter-se magro é preciso acompanhamento de nutricionista, preparador físico e psicólogo. É preciso fazer musculação para manter a massa magra, que geralmente é reduzida com o emagrecimento rápido. Uma dieta equilibrada é fundamental para que o emagrecimento seja saudável. As mulheres precisam ficar ainda mais atentas à deficiência de vitaminas porque há fatores fisiológicos que fazem com que elas percam mais nutrientes, como a menstruação. Envolver a família na mudança de hábitos alimentares ajuda a sustentar a perda de peso. As orientações médicas precisam ser seguidas à risca e as desculpas que vão surgir no meio do caminho para que a pessoa coma mais devem ser ignoradas. 

Por que a bariátrica dá errado para algumas pessoas?
Entre os principais fatores estão os quadros psiquiátricos. Eles costumam já estar presentes antes mesma da cirurgia bariátrica e podem estar relacionados com a instalação e manutenção da obesidade pré-indicação de cirurgia. 

Usualmente, pacientes que não obtiveram sucesso na perda de peso, não foram bem avaliados, diagnosticados e tratados como deveriam antes da cirurgia. Daí a importância de uma avaliação psiquiátrica adequada pré-operatória. As doenças psiquiátricas, de forma geral, não contraindicam a realização da cirurgia. O consenso geral é de que o adoecimento mental deverá ser tratado e estabilizado para que o indivíduo realize a cirurgia e garanta parte do sucesso operatório. 

Além disso, uma vez diagnosticado, o tratamento deverá permanecer após a cirurgia, inclusive com o uso de medicamentos, pelo tempo que o psiquiatra achar necessário. Uma grande falha é que boa parte dos pacientes já estabilizados e "liberados" para realizarem a cirurgia, abandonam o tratamento precocemente, com recorrência dos sintomas e interrupção do processo de perda de peso. 

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