Por que algumas pessoas voltam a engordar após a cirurgia bariátrica?
Boa parte dos pacientes estabilizados e "liberados" para realizar a cirurgia, abandonam o tratamento psiquiátrico precocemente, o que faz com que os sintomas voltem e o processo de emagrecimento seja interrompido.
Mais de 30 milhões de brasileiros são obesos e o sonho de muitos é
conseguir comer menos. Uma alternativa para o prato ficar mais leve é o
balão gástrico que ocupa parte do estômago, mas o cirurgião bariátrico
Doutor Caetano Marchesini explica que a operação é apenas uma parte do
processo.
E com a ajuda do psiquiatra Alexandre Pinto de Azevedo, o Bem Estar
desta sexta-feira (24) explica porque algumas pessoas fazem a bariátrica
e engordam tudo de novo.
Saiba mais
Todo processo de emagrecimento rápido gera deficiências nutricionais
por causa da baixa ingestão de calorias. No caso da cirurgia bariátrica,
além da perda rápida de peso, a absorção das vitaminas é ainda mais
prejudicada por causa da redução do estômago e do desvio do intestino.
O mecanismo de absorção dos nutrientes acontece assim:
Cada parte do intestino absorve um tipo de vitamina. Quando o duodeno e
o intestino delgado são desviados (técnica Baypass), as vitaminas que
mais se perdem são o ferro e o cálcio. Já no estômago, a redução do
tamanho afeta a absorção pela área reduzida e pela diminuição da
produção de uma enzima responsável pela absorção da vitamina B12.
Dr. Caetano explica que depois de um ano de bariátrica, o corpo se
adapta a essas mudanças e os nutrientes podem voltar a ser absorvidos.
Por isso é fundamental uma avaliação médica anual para verificar a
deficiência de vitaminas, nem sempre o uso complementar precisa ser
feito para o resto da vida.
Compulsão alimentar – Segundo
o Dr. Caetano Marchesini, a compulsão alimentar não é uma
contraindicação para fazer a cirurgia bariátrica. O que é fundamental,
nestes casos, é tratar a compulsão antes da cirurgia e fazer
acompanhamento para o resto da vida com nutricionista e, principalmente,
psiquiatra.
Pré-operatório – A
cirurgia bariátrica não trata a obesidade. A pessoa continua se
comportando como obesa, por isso, ela precisa de um acompanhamento para a
vida toda. É fundamental fazer uma avaliação psicológica, nutricional e
endocrinológica, além dos exames de preparo.
Pós-operatório – Toda
pessoa que faz bariátrica precisa tomar vitamina pelo menos no primeiro
ano após a cirurgia. Para manter-se magro é preciso acompanhamento de
nutricionista, preparador físico e psicólogo. É preciso fazer musculação
para manter a massa magra, que geralmente é reduzida com o
emagrecimento rápido. Uma dieta equilibrada é fundamental para que o
emagrecimento seja saudável. As mulheres precisam ficar ainda mais
atentas à deficiência de vitaminas porque há fatores fisiológicos que
fazem com que elas percam mais nutrientes, como a menstruação. Envolver a
família na mudança de hábitos alimentares ajuda a sustentar a perda de
peso. As orientações médicas precisam ser seguidas à risca e as
desculpas que vão surgir no meio do caminho para que a pessoa coma mais
devem ser ignoradas.
Por que a bariátrica dá errado para algumas pessoas?
Entre os principais fatores estão os quadros psiquiátricos. Eles
costumam já estar presentes antes mesma da cirurgia bariátrica e podem
estar relacionados com a instalação e manutenção da obesidade
pré-indicação de cirurgia.
Usualmente, pacientes que não obtiveram sucesso na perda de peso, não
foram bem avaliados, diagnosticados e tratados como deveriam antes da
cirurgia. Daí a importância de uma avaliação psiquiátrica adequada
pré-operatória. As doenças psiquiátricas, de forma geral, não
contraindicam a realização da cirurgia. O consenso geral é de que o
adoecimento mental deverá ser tratado e estabilizado para que o
indivíduo realize a cirurgia e garanta parte do sucesso operatório.
Além disso, uma vez diagnosticado, o tratamento deverá permanecer após a
cirurgia, inclusive com o uso de medicamentos, pelo tempo que o
psiquiatra achar necessário. Uma grande falha é que boa parte dos
pacientes já estabilizados e "liberados" para realizarem a cirurgia,
abandonam o tratamento precocemente, com recorrência dos sintomas e
interrupção do processo de perda de peso.
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