Não é verdade! Notícia diz que vacina de febre amarela é veneno mortal
Texto é igual a um compartilhado no ano passado sobre vacina contra o H1N1. Ministério da Saúde diz que vacinas são 'seguras e eficazes'.
Circula pelo Facebook uma notícia com o título 'Depois de vacinarem 40
mi de pessoas descobriram que a vacina da febre amarela é um veneno
mortal'. Ela é falsa.
Segundo a notícia, que já teve milhares de compartilhamentos, a vacina
ataca diretamente o sistema nervoso e causa problemas de respiração,
paralisia e pode levar até a morte.
A notícia diz que já houve 500 casos confirmados de efeitos secundários
da febre amarela, incapacitando centenas de brasileiros. O Ministério
da Saúde nega e diz que a vacina é segura.
O texto 'viral' é praticamente igual ao que foi divulgado e
compartilhado nas redes sociais no ano passado, referindo-se à vacina
contra o vírus H1N1. Apenas algumas partes foram modificadas e outras,
adaptadas.
"Vários médicos, farmacêuticas e meios de comunicação continuam a
mentir sobre o mercúrio em vacinas.
Os mídia deixaram a ciência
totalmente de lado na sua propaganda de incentivo à vacina contra a
#gripe, tendo deixado de mencionar de todo qualquer dos riscos
associados à mesma", diz o texto.
No final, a reportagem conclui: "Se tomas vacinas contra a Febre
Amarela, é provável que estejas a ser envenenado aos poucos, pois
sabe-se que estas contêm produtos químicos neurotóxicos e metais pesados
em concentrações alarmentes! Para além disso, não existe uma forma
segura de mercúrio, tal como não existe forma segura de heroína. Todas
as formas de mercúrio são consideradas altamente tóxicas quando
injetadas no corpo!"
O texto tem ganhado repercussão em razão do surto de febre amarela por
qual passa o país. Segundo o Ministério da Saúde, já foram confirmados
448 casos da doença. Foram notificados 1.561 casos suspeitos, sendo que
850 permanecem em investigação. Dos 264 óbitos notificados, 144 foram
confirmados, 110 ainda são investigados e 10 foram descartados.
O Ministério da Saúde assegura, no entanto, que todas as vacinas
ofertadas no Sistema Único de Saúde passam por um processo rigoroso de
avaliação de qualidade, obedecendo a critérios padronizados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada
lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle
de Qualidade em Saúde (INCQS). Desde 1983, os lotes por amostragem de
imunobiológicos adquiridos pelos programas oficiais de imunização vêm
sendo analisados, garantindo sua segurança, potência e estabilidade,
antes de serem utilizados na população", diz o ministério. "Atualmente,
são disponibilizadas pela rede pública de saúde, de todo o país, cerca
de 300 milhões de doses de imunobiológicos ao ano, para combater mais de
20 doenças, em diversas faixas etárias."
Segundo a pasta, as vacinas contra a febre amarela são seguras e
eficazes quando administradas de acordo com as normas estabelecidas pelo
Programa Nacional de Imunizações (PNI). O ministério afirma que se
trata de uma vacina altamente imunogênica (confere imunidade em 95% a
99% dos vacinados), bem tolerada e raramente associada a eventos
adversos graves.
Como qualquer imunobiológico, ela tem contraindicações e precauções na
administração. A vacinação está contraindicada para crianças menores de 6
meses de idade e mulheres que estão amamentando bebês menores de 6
meses de idade, por exemplo.
Pacientes portadores de alguma imunossupressão, seja congênita ou
adquirida, gestantes e pessoas acima de 60 anos devem ser avaliados caso
a caso antes de serem vacinados. Pessoas com reação alérgica grave à
proteína do ovo ou gelatina deverão passar por avaliação médica. "É
muito importante o cumprimento dessas orientações, pois a vacinação de
forma inadvertida poderá, mesmo que raramente, causar eventos adversos
graves pós-vacinação", diz o ministério. Os números de casos de reação à
vacina citados no texto compartilhado, no entanto, não procedem.
Sobre a vacina da gripe, alvo do texto do ano passado, o Ministério da
Saúde diz que ela também é a medida mais efetiva para a prevenção da
influenza grave e suas complicações.
"Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% a 45% o
número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade
por complicações da influenza. As vacinas contra a gripe são trivalentes
e contêm antígenos purificados de duas cepas do tipo A e uma B, sendo
sua composição determinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o
Hemisfério Sul. Trata-se de uma vacina inativada e bastante segura.
Doenças graves como a Síndrome de Guillain Barré (SGB) são raras,
podendo ocorrer com a frequência de um caso por milhão de doses
administradas, sendo muito menor que o risco de complicações da
influenza, por exemplo, que podem ser prevenidas pela imunização. A
Campanha Nacional de Imunização contra a Influenza é realizada todos os
anos para prevenir internações e mortes em decorrência do agravamento da
doença nos públicos prioritários."
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