sexta-feira, 17 de março de 2017

Instituto Evandro Chagas já confirmou febre amarela em macacos de 6 estados este ano

Laboratório de Referência Nacional recebeu, este ano, 76 macacos para investigação do vírus. Febre amarela foi confirmada em animais de AL, BA, ES, MG, PA e RR.

O Instituto Evandro Chagas (IEC), do Pará, já confirmou este ano a infecção por vírus da febre amarela em macacos de seis estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Roraima. O vírus sempre circula naturalmente entre os macacos nas florestas brasileiras (veja mais abaixo), mas atualmente essa questão tem chamado a atenção porque tem havido um aumento dos casos da doença entre humanos. 

Só em 2017, o IEC já recebeu 76 macacos para investigação de febre amarela. Nem todos já tiveram a análise concluída. Ao longo de todo o ano de 2016, o órgão recebeu 268 macacos, entre os quais receberam diagnósticos positivos para febre amarela animais provenientes de Goiás e Minas Gerais. 

O IEC, vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, é o Laboratório de Referência Nacional para investigação de febre amarela e outras arboviroses no Brasil. 

A confirmação de casos de febre amarela em primatas não humanos pode ser feita tanto por testes laboratoriais quanto por vínculo epidemiológico, ou seja, quando há outros casos de febre amarela confirmados na mesma região. 

O Brasil tem uma rede de laboratórios de saúde pública responsáveis pelo diagnóstico de casos regionais de febre amarela. O IEC é acionado para elucidar o diagnóstico quando necessário. 

Segundo o boletim mais recente do Ministério da Saúde sobre febre amarela, foram confirmados ao todo 386 casos de febre amarela em macacos até 13 de março em todo o país. 

Desde o início do atual surto, em dezembro, o Brasil já confirmou 424 casos de febre amarela em humanos em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro.

Macacos não transmitem para humanos

O biólogo Horácio Teles, do Conselho Regional de Biologia, explica que o vírus da febre amarela circula naturalmente entre os macacos nas florestas brasileiras, de forma mais intensa no norte do país. Em alguns momentos, as populações de macacos resistentes ao vírus diminuem, passando a predominar as populações vulneráveis. É então que os macacos começam a morrer, o que é sinal do aumento do risco para ocorrência em humanos em regiões próximas às matas. 

O Ministério da Saúde alerta que os macacos não transmitem a doença diretamente para humanos e que eles são importantes para sinalizar a presença do vírus transmitido por mosquitos. Por isso, esses primatas devem ser protegidos em seu ambiente natural. O atual surto de febre amarela levou moradores de algumas regiões atingidas a matarem macacos por medo da doença.

Como são os exames?

Para chegar ao diagnóstico de febre amarela nos macacos, o IEC pode usar vários métodos diferentes: isolamento viral, pesquisa de genoma do vírus, sorologia, histopatologia e pesquisa de antígeno viral (imunohistoquímica). 

Para cada macaco, várias amostras podem ser coletadas para teste: tanto o sangue quanto fragmentos de vísceras do animal. "Muitas vezes são realizados entre 8 a 10 testes para um único animal", afirmou o instituto, por e-mail. 

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