Dentista assassinada no Rio tinha planos de engravidar
Carro onde estava Patrícia Nicolau foi atingido por 17 tiros no Itanhangá
A
dentista assassinada na última segunda-feira (31) após ser atingida na
cabeça
enquanto trafegava na estrada das Furnas, no Itanhangá, zona oeste do
Rio,
planejava ter um bebê em breve. O corpo de Priscila Soares Nicolau Reis,
de 37 anos, foi enterrado na tarde de terça-feira (1º) no Cemitério São
João Batista, em Botafogo, zona sul. A mãe da vítima estava muito
emocionada e precisou ser amparada por amigos e familiares. Nas redes
sociais, amigos fizeram homenagens e disseram não se conformar com a
violência na cidade.
Priscila
passava pela estrada das Furnas, por volta das 12h, quando foi abordada
por um grupo de criminosos em fuga após confronto com a polícia no
Morro do Banco. A motorista tentou fugir de marcha à ré. Neste
momento, os criminosos teriam atirado contra o carro dela. O automóvel
em que ela estava, um Kia Sorrento, foi atingido por 17 tiros próximo à
esquina com a rua Arabutã. Dois tiros de fuzil atingiram Priscila, que
morreu na hora. Ela foi encontrada dentro do carro por PMs que reagiram
ao ataque dos criminosos no alto da comunidade do Itanhangá.
Em fevereiro deste ano, Priscila fez uma viagem romântica a Paris com o
marido Fabrício Maio. Nas redes sócias, ela contava os momentos felizes
que estava vivendo.
No último domingo, a dentista foi a uma sorveteria na zona sul da cidade
e brincou dizendo que comia de tudo. Também disse que se sentia no
paraíso. Ela morava na Tijuca, zona norte do Rio.
Formada em Odontologia pela Universidade Federal Fluminense de Nova
Friburgo, na região serrana, a cirurgiã dentista fez especialização em
implantodontia. Patrícia tinha um consultório em um prédio em
Copacabana, zona sul do Rio, onde atendia todos os dias a partir das 8h.
Nesta terça, clientes foram à clínica à procura da dentista. Todos
estavam muito chocados.
Os funcionários preferiram não gravar entrevista, mas disseram que
Priscila era muito simpática e sempre chegava ao consultório com um
sorriso no rosto.
Priscila gostava de música, de viajar, de comida japonesa, mas dizia que
se realizava mesmo com os trabalhos voluntários que fazia. Ela dava
palestras sobre prevenções de doenças. A última foi na comunidade de
Manguinhos, zona norte.
Ela era ligada ao grupo Voluntários do Sorriso. Na página da organização
social, amigos lamentaram a morte da cirurgiã dentista que, segundo
eles, era uma pessoa maravilhosa.
A Polícia Civil informou na tarde desta terça ter identificado suspeitos do assassinato.
A DH (Delegacia de Homicídios) analisa as imagens das câmeras de
segurança que mostram o momento em que os criminosos tentavam fugir de
uma operação policial. O delegado Rivaldo Barbosa quer entender quantos
traficantes participaram do crime. Ele disse que já tem nomes de
possíveis suspeitos, que seriam do morro do Borel, na Tijuca, e do
Complexo do Lins, ambos na zona norte. Barbosa afirmou que, por
enquanto, não vai divulgar os nomes para não atrapalhar as investigações.
Policiais
do batalhão do Recreio (31º BPM) fizeram uma operação nesta terça com a
ajuda de helicópteros e do BAC (Batalhão de Ação com Cães) no Morro do
Banco. Os agentes prenderam dois homens. Eles foram abordados
por policiais militares quando deixavam a mata que cerca a comunidade e
tentavam fugir para o Morro da Formiga, também na zona norte, onde
residem. A polícia investiga se eles têm envolvimento com a morte da
dentista.
Após análise das imagens de câmeras de segurança instaladas na
comunidade, os suspeitos foram identificados na delegacia como
integrantes do bando que tentou tomar o controle do tráfico de drogas do
local e atacou a base da Polícia Militar na parte alta do morro. Com
base nas provas reunidas, o delegado autuou os dois presos pelos crimes
de associação para o tráfico de drogas. Eles serão encaminhados à DH
para serem ouvidos e verificar se possuem algum envolvimento com a morte
de Priscila. Os agentes também tentam localizar moradores e
comerciantes que tenham presenciado o momento em que os suspeitos
entraram na comunidade, já que o crime aconteceu durante o dia.
Testemunhas contaram que os bandidos fecharam a principal rua do Alto da
Boa Vista e começaram a roubar carros na tentativa de escapar do cerco
da polícia. Segundo informações da DH, 15 criminosos do Complexo do Lins
tentaram tomar o tráfico do Morro do Banco. Houve troca de tiros e a
Polícia Militar interveio. O grupo fugiu pela mata e saíram na via no
Alto da Boa Vista, onde atacaram o carro da dentista.
As investigações
apontam que o grupo saiu do Morro do Banco e pegaram a estrada de Furnas
em direção à comunidades do Borel, na Tijuca, e do Complexo do Lins. O
depoimento das testemunhas e familiares estão sendo comparados pelos
agentes. Todas as informações estão sendo analisadas e vão ajudar a
traçar a dinâmica do crime.
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