sábado, 12 de novembro de 2016

Edição do dia 11/11/2016
11/11/2016 21h11 - Atualizado em 11/11/2016 21h11

Pesquisadores brasileiros testam pele de tilápia contra queimaduras

Pele de peixe de água doce comum no país é utilizada como curativo biológico. Dos 30 participantes, 23 já concluíram tratamento com essa técnica.

Pesquisadores de três estados estão fazendo, em Fortaleza, testes com uma técnica inédita para o tratamento de queimaduras. Eles usam a pele de um peixe.

Parte do rosto e dois braços com queimaduras de segundo grau. O paciente que se recupera em um hospital de Fortaleza participa de um tratamento que, segundo os médicos, está sendo usado pela primeira vez no mundo.

Os pesquisadores utilizam a pele da tilápia, um peixe de água doce, comum no Brasil, como curativo biológico para tratar de queimaduras.

"A quantidade de colágeno tipo 1, que é importantíssimo para a cicatrização, além de estar em boa quantidade, é melhor alinhado, é melhor organizado do que na pele humana”, explica Edmar Maciel, coordenador da pesquisa.

O estudo, feito na Universidade Federal do Ceará há mais de dois anos, reúne pesquisadores do estado e de Pernambuco e de Goiás. Os primeiros testes com bons resultados foram com camundongos. Agora é a parte mais importante da pesquisa: o uso da pele de tilápia em pessoas com queimadura.

Os testes clínicos começaram há quatro meses e até agora incluíram 30 pacientes que deram entrada na unidade de queimados em Fortaleza. Desde o primeiro atendimento eles utilizaram a pele da tilápia no curativo das áreas queimadas. Vinte e três deles já concluíram o tratamento, segundo os pesquisadores, com menos dor e menos custos para o hospital.

"Isso vai reduzir o tempo de permanência dele dentro da unidade, vou dar um atendimento humanizado porque ele vai retornar rapidamente para sua família", afirma João Neto, médico do núcleo de queimados.

O estudo deve ser concluído em 2018 com a participação de 100 voluntários. A Inez, que teve queimaduras em parte do corpo, gostou do resultado.

“Depois que ele colocou a pele não senti mais dor, é uma sensação muito boa, é uma recuperação rápida", conta a garçonete.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/11/pesquisadores-brasileiros-testam-pele-de-tilapia-contra-queimaduras.html

11/11/2016 16h16 - Atualizado em 11/11/2016 16h30

Curativo de pele de tilápia é usado em 30 pacientes queimados no Ceará

Curativo biológico tem vantagens em relação ao tratamento usual.
Pesquisa inédita é desenvolvida em hospital e universidade desde 2014.

Pele de tilápia pode servir como curativo de queimaduras (Foto: Reprodução/TV Globo) 

Pele de tilápia pode servir como curativo em tratamento de queimaduras (Foto: Reprodução/TV Globo)

Trinta pacientes do Centro de Queimados do Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, recebem tratamento inédito: um curativo biológico desenvolvido a partir da pele do peixe tilápia como alternativa no tratamento de lesões das queimaduras. O estudo, desenvolvido por pesquisadores do Ceará, Pernambuco e Goiás, oferece inúmeras vantagens frente ao tratamento tradicional, de acordo com o cirurgião plástico coordenador da pesquisa, Edmar Maciel.

"Na rede pública do Brasil, o tratamento de queimaduras é feito com uma pomada ou creme a base de sulfadiazina de prata, que é um antimicrobiano. Essa pomada só age por 24 horas e a cada 24 horas tem que ser removida, num processo de limpeza da área com sabão apropriado e um curativo. Isso causa dor ao paciente que tem de tomar anestesia ou analgésicos, interferindo no processo de cicatrização", explica o médico.

"O que a pele faz, e isso não é específico da pele da pele da tilápia - outras peles como a humana, como a pele do cão, do porco - é aderir ao leito da ferida. Grudando, faz um tamponamento do leito e, com isso, evita a contaminação de fora para dentro da ferida. Isso evita que o paciente perca líquidos (plasma e proteína) e, com isso, não espolie o paciente. Aí sim, diminui a troca de curativos, a dor e o trabalho da equipe - que não tem que fazer limpeza e curativos diariamente - e, consequentemente, os custos do tratamento", ressalta.

Segundo o médico, na Europa e Estados Unidos o tratamento de queimados já é feito com pele homóloga (humana) ou heteróloga (animal). Mas o desenvolvimento de um curativo biológico com base em animais aquáticos é inédito no mundo e já se encontra na segunda fase clínica, com testes em seres humanos,  no tratamento de pacientes do Núcleo de Queimados do IJF. A pesquisa vem sendo realizada há mais de dois anos, no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

De acordo com os pesquisadores, logo nas primeiras etapas do estudo, a utilização clínica do pele da tilápia mostrou-se promissora, tendo em vista as semelhanças do material com a pele humana, como grau de umidade, alta qualidade de colágeno e resistência. Testes em animais terrestres também descartaram possíveis riscos de contaminação com a nova técnica.

Anvisa
Foram onze etapas até a pesquisa ser apresentada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde, em dezembro de 2015. A primeira etapa clínica da pesquisa, iniciada em humanos sadios para estudar se a pele de tilápia causava alergia ou sensibilidade, teve excelentes resultados, segundo os pesquisadores.

Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Anvisa, o estudo em humanos queimados foi iniciado no IJF no segundo semestre deste ano. Dos trinta pacientes com queimaduras de 2º grau que aceitaram receber o novo tratamento, 23 já tiveram alta hospitalar. Até o final de 2016, outros 30 deverão ser submetidos ao tratamento com o curativo biológico.

Nenhum comentário :

Postar um comentário