sábado, 21 de janeiro de 2017

Pacientes esperam cinco horas para conseguir vacina da febre amarela no DF

Procura por vacina aumentou depois de divulgada primeira morte no DF. Vítima é de Minas Gerais e governo diz que não há razão para pânico.

Os postos de vacinação contra a febre amarela no Distrito Federal passaram o dia lotados durante toda sexta-feira (20). A reportagem do G1 percorreu pontos de imunização na capital e encontrou pacientes que esperavam por mais de cinco horas para conseguir tomar a vacina. 

A "corrida” pela imunização ocorre um dia depois de o governo do DF confirmar a primeira morte por febre amarela em 2017 na capital. Em entrevista ao G1, o subsecretário de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Tiago Coelho, disse que todas as 123 salas de vacinação do DF possuíam vacinas. 

Na Asa Norte, porém, o G1 apurou que apenas o posto de vacinação nº 12, na 208/408, estava funcionando nesta sexta. Na entrada do prédio, dezenas de pessoas esperavam debaixo de sol. O aposentado José Roberto, de 58 anos, contou que chegou ao posto às 10h30, mas só conseguiu receber a vacina às 15h50; depois de mais de cinco horas de espera. O aposentado diz que nunca tomou a vacina e só se preocupou com a imunização depois de saber de “um surto no Brasil”.
"Não tem alternativa. A gente vê o caos que está o Brasil com a febre amarela... O jeito é esperar. Mas podiam melhorar o atendimento aqui", resumiu Roberto.
Funcionários da secretaria, na porta do posto da Asa Norte, orientavam pacientes para que voltassem para casa se não fossem viajar para áreas de risco. "Não há motivo para tudo isso [essa fila]. Não estamos no surto", disse um deles. 

No Lago Norte, também houve filas e demora no atendimento. O posto de saúde nº 10, na QI 01/03, estava lotado. Alguns pacientes chegaram a esperar três horas pela imunização.
“Essa situação pegou todo mundo de surpresa. Agora temos que aguentar as filas”, diz a aposentada Maria Aurora de 55 anos.
Moradores do Gama também registraram filas para conseguir a imunização. Pacientes relataram que apenas o posto nº 4 estava aplicando vacinas, o que ocasionou uma superlotação. “É um absurdo. Quero vacinar a minha filha e não consigo. Tá cheio demais”, reclamou Marina Matos, de 29 anos. Segundo ela, apesar do grande número de pessoas na fila, havia apenas uma enfermeira atendendo no local. 

O G1 procurou a Secretaria de Saúde do DF, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

Entenda a vacinação

Há décadas, o Distrito Federal aparece como "área de risco" para febre amarela nos protocolos do Ministério da Saúde. Isso significa que, se a caderneta infantil foi seguida à risca, todas as crianças nascidas no DF foram vacinadas até os 9 meses de idade, com uma dose de reforço por volta dos 5 anos. Se isso foi feito, não há risco de pegar febre amarela. 

Para quem nasceu nos oito estados fora da área de risco – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro – ou não foi vacinado por algum motivo, é preciso tomar duas doses em um intervalo máximo de 10 anos. 

Segundo Coelho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que uma única dose da vacina já seria suficiente para produzir anticorpos e evitar o contrário. "No Brasil, devido ao histórico, o Ministério da Saúde acaba pedindo esse reforço com duas doses", explica. O país produz vacinas suficientes para consumo próprio e exportação. 

"Já tivemos casos de pessoas procurando postos de saúde em pequenos intervalos de tempo, para tomar mais de duas doses. Isso, sim, se classifica como risco. Pode haver um efeito adverso". 

A vacina é feita com o vírus vivo e atenuado. Por isso, existe uma chance pequena (de 1 em 400 mil) de que a aplicação da substância acabe causando efeito reverso, desencadeando um quadro de febre amarela no paciente. Se algum sintoma atípico for notado após a injeção, é importante avisar a um médico. 

Segundo o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis do ministério, Eduardo Hage, a chamada "febre amarela vacinal" é raríssima, mas pode acontecer quando o paciente tem alguma contraindicação para tomar a vacina. A aplicação é contraindicada para gestantes, recém-nascidos, pessoas doentes ou com baixa imunidade, por exemplo. 

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