Caso de 'doença da urina preta' traz indícios de transmissão por vírus, diz pesquisador
Mulher grávida apresentou os sintomas após entrar em contato com a irmã, que já estava com a doença; ela afirma não ter consumido peixe.
Um caso da "doença da urina preta" registrado na cidade de Alagoinhas,
na Bahia, é usado como referência, de acordo com pesquisador, e traz
indícios para a transmissão por vírus.
Segundo o infectologista Gúbio Soares, da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), uma mulher grávida desenvolveu os sintomas da doença - dor
muscular intensa, insuficiência renal e urina preta - após entrar em
contato com a irmã. Ela diz que não consumiu peixe. Uma criança de 5
anos, da mesma família, também foi infectada.
“Estes casos mostram que a transmissão pode ser fecal/oral. Pode ser de
uma família de vírus que se dissemina desta maneira”, afirmou o médico.
Soares está acompanhando os casos da doença em Salvador, na Bahia. Eles
foram contabilizados oficialmente pela Secretaria de Estado da Saúde da
Bahia de 14 de dezembro a 5 de janeiro deste ano.
Segundo o
infectologista, além dos dados oficiais, pessoas já haviam sido
infectadas desde outubro.
“Eu estive conversando com um paciente que teve os sintomas em outubro.
Ele estava internado e teve urina preta. Fez hemodiálise e teve alta”,
disse.
A confirmação da causa da doença deverá ocorrer após a análise de
amostras de urina, soro e fezes enviadas para a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), no Rio de Janeiro, Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo,
e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em
inglês), dos Estados Unidos.
Soares também está fazendo um sequenciamento genético de algumas
amostras e diz que terá um resultado conclusivo nas próximas semanas.
Perfil dos pacientes
Segundo o infectologista Tiago Lobo, que também acompanha o caso de
pacientes que tiveram a doença da urina preta em Salvador, dos 52
pacientes identificados, 8 relataram não ter consumido peixe.
Lobo acrescenta que a maioria dos pacientes atendidos com os sintomas
são de classe média alta, o que o leva a concluir que não se trata de
uma doença relacionada a falta de saneamento.
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