Ataque de hackers suspende 3 mil consultas e exames nas unidades do Hospital de Câncer de Barretos, SP
Departamento de informática estima levar três dias para solucionar o problema. Invasores pedem 300 dólares em bitcoins para desbloquear os sistemas e PF acompanha o caso.
Cerca de 3 mil consultas e exames foram cancelados e 350 pacientes
deixaram de realizar tratamento de radioterapia nesta terça-feira (27)
depois que o sistema do Hospital de Câncer de Barretos (SP) foi invadido
por hackers.
Todas nas unidades da instituição em Jales (SP), Fernandópolis (SP),
Porto Velho (RO), Juazeiro (BA) e Campo Grande (MS) foram afetadas. O
departamento de informática estima levar até três dias para reverter o
ataque cibernético.
“O problema é bem parecido com o que aconteceu em nível global há mais
ou menos três meses: um ataque, onde alguns dados são criptografados, e
afetou as nossas estações de trabalho”, disse o gerente de tecnologia da
informação, Douglas Vieira dos Reis.
Em uma mensagem exibida nos computadores, os hackers pedem o pagamento
de 300 dólares em bitcoins, a moeda virtual mais conhecida da internet,
para liberar o sistema novamente. A Polícia Federal foi acionada e uma
equipe técnica auxilia na análise dos equipamentos.
Reis afirmou que os prontuários dos pacientes não foram prejudicados
porque o banco de dados e o sistema oncológico em si foram preservados e
estão em funcionamento. Entretanto, com os computadores bloqueados é
impossível acessá-los.
“A nossa equipe, no momento, está mobilizada, trabalhando na resolução
do problema, mas, por se tratar de um parque tecnológico bem grande,
isso deve legar algum tempo. A gente ainda está mensurando esse tempo
para colocar tudo nos eixos novamente”, disse.
Radioterapia cancelada
O coordenador do departamento de radioterapia, Daniel Marconi, afirmou
que o ataque foi identificado por volta de 9h e prejudicou, inclusive,
os aparelhos usados na terapia radioativa. As sessões foram canceladas.
“Um dos tratamentos que a gente faz é a radiocirurgia. Com esse
tratamento, a gente implanta um alo no crânio do paciente, é feito com
parafusos. A gente tinha implantado o alo por volta de 7h e,
infelizmente, tivemos que desparafusar e dispensar a paciente”, contou.
As sessões de quimioterapia, entretanto, foram mantidas. O diretor
clínico do hospital, Paulo de Tarso, destacou que os pacientes com
consultas e exames agendados devem comparecer às unidades, apesar do
ataque cibernético. Casos de urgência e emergência também estão sendo
atendidos.
“Talvez seja necessária uma consulta extraordinária porque nós não
conseguimos acessar os exames de laboratório e de imagem. Serão
reagendados normalmente, sem nenhum problema. Os pacientes internados
não tiveram prejuízo em relação ao tratamento”, disse.
Prejuízo na Santa Casa
O ataque dos hackers também prejudicou os atendimentos na Santa Casa de
Barretos, que desde o ano passado passou a ser administrada pela
Fundação Pio XII, a mesma que gerencia o Hospital de Câncer.
O médico emergencista César Maurício da Silva explicou que todos os
procedimentos realizados na unidade nesta terça-feira foram manuais,
desde a abertura de fichas, até as prescrições médicas e solicitações de
exames. Nenhum paciente deixou de ser atendido.
“Mas, houve atrasos e, em alguns casos de menor gravidade, que tem
característica ambulatorial, você acaba remarcando, pedindo para o
paciente retornar mais tarde, ou no outro dia. Então, não deixa de haver
algum transtorno”, afirmou.
Nenhum comentário :
Postar um comentário