terça-feira, 27 de junho de 2017

Mosquito infectado com vírus chikungunya é encontrado pela primeira vez no Brasil, diz pesquisa

Descoberta foi feita em Aracaju (SE) em um mosquito da espécie Aedes aegypti infectado naturalmente pelo vírus causador da febre.

 
Mosquito Aedes aegypti. (Foto: Divulgação) 
Mosquito Aedes aegypti. (Foto: Divulgação) 
 
Um mosquito da espécie Aedes aegypti infectado naturalmente pelo vírus causador da febre chikungunya foi encontrado pela primeira vez no Brasil, em Aracaju (SE). A descoberta, publicada no dia 14 de junho na revista científica PLoS Neglected Tropical Diseases, foi desenvolvida por cientistas da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede Zika) com o apoio de profissionais do Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen-SE) . 

Uma das autoras do artigo, a farmacêutica bioquímica e superintendente do Lacen, Danuza Duarte Costa, explicou que a equipe de Sergipe trabalhou na coleta dos mosquitos, auxiliados por uma equipe do Ministério da Saúde. “A equipe da entomologia do Lacen fez a busca dos vetores juntamente com a equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo e a Vigilância Epidemiológica do Estado. Juntos identificamos os bairros onde havia maior incidência do vetor. Foram coletadas amostras nas proximidades das casas onde existiam pessoas doentes. Neste levantamento consideramos os dados do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa)”. 

As análises, realizada em fevereiro de 2016 e coletadas em seis bairros de Aracaju (Atalaia, São José, Industrial, Olaria, Santa Maria e São Conrado), tiveram como foco os principais vírus em circulação: dengue, Zika e chikungunya. Ainda de acordo com o estudo, entre os 248 mosquitos avaliados, nenhum estava infectado com a dengue ou Zika. Apenas uma fêmea da espécie Aedes aegypti apresentou o vírus da febre chikungunya. 
Dos 39 bairros da capital sergipana, seis foram alvo da pesquisa. (Foto: Reprodução/Artigo Científico) 
Dos 39 bairros da capital sergipana, seis foram alvo da pesquisa. (Foto: Reprodução/Artigo Científico)  

Para a gerente do Núcleo de Endemias de Estado da Saúde, Sidney Sá, o resultado da pesquisa demonstra a importância do fortalecimento das ações de combate ao mosquito. “Agora temos que fazer um combate com maior intensidade e cada cidadão precisa ter a consciência de colaborar no enfrentamento do vetor. O último LIRAa já mostrou uma diminuição no número de infestação, registrando em maio desse ano. O próximo levantamento será feito em julho”, diz. 

O artigo “First report of naturally infected Aedes aegypti with chikungunya virus genotype ECSA in the Americasreforça”, assinado por 13 pesquisadores, entre eles a sergipana Danuza Duarte Costa, reforça as evidências de que o mosquito foi o principal vetor envolvido nos surtos da doença registrados em 2015 e 2016, principalmente no Nordeste brasileiro. 

Até dezembro de 2016, o Ministério da Saúde tinha registrado mais de 265 mil casos prováveis de febre chikungunya no país. Em 2015, foram notificados quase 40 mil casos suspeitos. Apesar do alto número, nenhum inseto infectado havia sido detectado. 

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC / Fiocruz) comentou que no estudo há dois ineditismos: a primeira detecção de infecção natural por Chikungunya em Aedes no território brasileiro; e a primeira detecção de infecção natural por um dos genótipos do vírus Chikungunya no território das Américas. 

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