Mosquito infectado com vírus chikungunya é encontrado pela primeira vez no Brasil, diz pesquisa
Descoberta foi feita em Aracaju (SE) em um mosquito da espécie Aedes aegypti infectado naturalmente pelo vírus causador da febre.
Um mosquito da espécie Aedes aegypti infectado naturalmente pelo vírus
causador da febre chikungunya foi encontrado pela primeira vez no
Brasil, em Aracaju (SE). A descoberta, publicada no dia 14 de junho na
revista científica PLoS Neglected Tropical Diseases, foi desenvolvida
por cientistas da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede
Zika) com o apoio de profissionais do Laboratório Central de Saúde
Pública de Sergipe (Lacen-SE) .
Uma das autoras do artigo, a farmacêutica bioquímica e superintendente
do Lacen, Danuza Duarte Costa, explicou que a equipe de Sergipe
trabalhou na coleta dos mosquitos, auxiliados por uma equipe do
Ministério da Saúde. “A equipe da entomologia do Lacen fez a busca dos
vetores juntamente com a equipe de pesquisadores da Universidade de São
Paulo e a Vigilância Epidemiológica do Estado. Juntos identificamos os
bairros onde havia maior incidência do vetor. Foram coletadas amostras
nas proximidades das casas onde existiam pessoas doentes. Neste
levantamento consideramos os dados do Levantamento Rápido de Índices
para Aedes aegypti (LIRAa)”.
As análises, realizada em fevereiro de 2016 e coletadas em seis bairros
de Aracaju (Atalaia, São José, Industrial, Olaria, Santa Maria e São
Conrado), tiveram como foco os principais vírus em circulação: dengue,
Zika e chikungunya. Ainda de acordo com o estudo, entre os 248 mosquitos
avaliados, nenhum estava infectado com a dengue ou Zika. Apenas uma
fêmea da espécie Aedes aegypti apresentou o vírus da febre chikungunya.
Para a gerente do Núcleo de Endemias de Estado da Saúde, Sidney Sá, o
resultado da pesquisa demonstra a importância do fortalecimento das
ações de combate ao mosquito. “Agora temos que fazer um combate com
maior intensidade e cada cidadão precisa ter a consciência de colaborar
no enfrentamento do vetor. O último LIRAa já mostrou uma diminuição no
número de infestação, registrando em maio desse ano. O próximo
levantamento será feito em julho”, diz.
O artigo “First report of naturally infected Aedes aegypti with chikungunya virus genotype ECSA in the Americasreforça”,
assinado por 13 pesquisadores, entre eles a sergipana Danuza Duarte
Costa, reforça as evidências de que o mosquito foi o principal vetor
envolvido nos surtos da doença registrados em 2015 e 2016,
principalmente no Nordeste brasileiro.
Até dezembro de 2016, o Ministério da Saúde tinha registrado mais de
265 mil casos prováveis de febre chikungunya no país. Em 2015, foram
notificados quase 40 mil casos suspeitos. Apesar do alto número, nenhum
inseto infectado havia sido detectado.
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC / Fiocruz) comentou que no estudo há dois
ineditismos: a primeira detecção de infecção natural por Chikungunya em
Aedes no território brasileiro; e a primeira detecção de infecção
natural por um dos genótipos do vírus Chikungunya no território das
Américas.
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