Cientistas identificam proteína que controla metástase do câncer de pele
Quando proteína chamada Midkine foi inibida em roedores, metástase também foi bloqueada. Achado pode ser caminho para desenvolvimento de novo remédio.
Cientistas identificaram uma proteína do câncer que controla a
disseminação da doença a partir da pele para outros órgãos e sugeriram,
nesta quarta-feira (28), que bloqueá-la pode ser um tratamento efetivo
para combater a metástase.
Trabalhando com camundongos geneticamente modificados para desenvolver
câncer de pele humana, a equipe descobriu que a proteína desempenha um
papel importante na promoção, ou inibição, da metástase - quando o
câncer se espalha de uma área (ou órgão) para outra.
Chamada de Midkine, a proteína é secretada por melanomas, o tipo mais
grave de câncer de pele, antes de se transportar para uma parte
diferente do corpo do rato e iniciar ali a formação do tumor, disseram
os pesquisadores.
Em observações subsequentes em humanos, níveis elevados de Midkine nos
linfonodos de pacientes com câncer de pele eram preditivos de resultados
"significativamente piores", informou a equipe na revista científica
"Nature".
Isso aconteceu mesmo quando não havia células tumorais nos linfonodos.
Estratégia para desenvolver medicamento
"Na Midkine encontramos uma possível estratégia que merece ser
considerada para o desenvolvimento de medicamentos", disse Marisol
Soengas, do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer em Madri, coautora do
estudo.
A detecção precoce é importante no melanoma. Depois que ele começa a se
espalhar, o prognóstico do paciente geralmente é desfavorável.
Os cientistas acreditaram por muito tempo que o melanoma preparava os
órgãos que pretendia colonizar ativando o crescimento dos vasos
linfáticos transportadores de fluidos - primeiro no tumor primário,
depois nos linfonodos ao redor, e assim por diante.
No entanto, remover os linfonodos próximos a um melanoma não evita
metástases, o que significa que está "faltando algo" na compreensão do
mecanismo de disseminação, disseram os pesquisadores.
Mudança de paradigma
O novo estudo oferece uma possível resposta.
"Quando esses tumores são agressivos, eles agem à distância muito antes
do que se pensava", disseram os autores. A Midkine se transportou
diretamente para o novo local do câncer independentemente da formação de
vasos linfáticos em torno do tumor original.
Quando a Midkine foi inibida em tumores de ratos, a metástase também
foi bloqueada, disse a equipe. "Estes resultados indicam uma mudança de
paradigma no estudo da metástase do melanoma", de acordo com Soengas.
Os cientistas não sabem, no entanto, se a Midkine é transportada através do sangue, da linfa ou de ambos.
Em um comentário também publicado na Nature, Ayuko Hoshino e David
Lyden, da universidade Weill Cornell Medicine, em Nova York, disseram
que o estudo forneceu "percepções muito necessárias" para a predição do
risco metastático.
O trabalho, eles concluíram, "pode abrir uma porta para estratégias de
diagnóstico e terapêuticas que visam lidar com metástases antes delas
terem a chance de surgir".
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