Cinco dias após a morte do jogador de futebol americano Paulo Okumoto,
em Franca (SP), familiares ainda buscam explicações para o infarto
sofrido pelo jovem logo depois do amistoso, o primeiro jogo oficial
dele.
Tio de Paulo, Davi Daniel Okumoto diz não reconhecer problemas que
pudessem ter afetado o atleta, afirmando que o jovem tinha "saúde de
ferro", mas se apega à certeza de que o rapaz vivia a concretização de
um sonho ao defender a equipe do Franca Carrascos Football.
Okumoto morreu no sábado (17), aos 23 anos, horas depois do auge dessa realização: a primeira partida dele vestindo
a camisa do time, em um jogo beneficente contra o Bullcaners, de
Sertãozinho (SP), encerrado também como a primeira vitória na curta
trajetória do atleta.
"Ele estava muito contente em participar dessa família. Eu não atribuo
isso [a morte] a nada, nem ao esporte, nem a qualquer coisa. Atribuo a
uma emoção que ele teve, uma emoção muito grande. Foi a realização de um
sonho: um sonho só, mas foi um sonho", afirma o tio.
Segundo a Santa Casa, assim que foi recebido pelo hospital, às 18h41, o
jogador se queixou de uma forte dor no peito e caiu desacordado no
chão. Levado à emergência, ele foi submetido a manobras de
ressuscitação, mas não respondeu aos estímulos e morreu às 19h15.
A causa da morte deve ser divulgada pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Santa Casa.
Depois de suspender os estudos em uma faculdade no Ceará - onde chegou a
morar por sete anos com a família - o jovem ganhou um novo propósito
quando foi convidado pelo primo a entrar para o primeiro time de futebol
americano de Franca.
"O primo deu esse sonho pra ele. Como o primo já jogava fazia um ano, e
como os dois eram bem grudados, ele comentou de começar", relembra o
tio, contando que Paulo também havia deixado o emprego de repositor em
um supermercado para ajudar o pai como pedreiro.
Foram três meses de treinos que, segundo Davi, apenas ajudaram na
rotina do sobrinho, que nunca teve problemas de saúde, nunca foi
hospitalizado e sempre apresentou disposição física para o trabalho ao
lado do pai.
Também tio de Paulo, o comerciário Evandro Okumoto se refere ao
sobrinho como uma pessoa ativa, com uma vida normal e que trabalhava com
disposição. "Amava esporte, amava tocar violão, gozava de uma saúde de
ferro", diz.
'Muita emoção pra ele'
No dia do jogo, um amistoso contra o Bullcaners que servia de
preparação para a Copa Mogiana, Paulo era só alegria. Parte do terceiro
time da defesa dos Carrascos, o defensor entrou cinco vezes em campo,
contribuiu para a vitória sobre os visitantes e celebrou com os amigos
até o final.
"Foi um jogo tranquilo, bonito de se ver. Ele jogou bem, estava
brincando, comemorando com o time a casa ponto, a cada jogada", afirma
Davi, que foi à partida para prestigiar os sobrinhos Paulo e Anderson
defendendo a camisa do Franca Carrascos Football.
Até o momento em que permaneceu no Ginásio Champagnat, Davi relata que
Paulo estava bem. O tio diz que foi surpreendido pela notícia: logo após
o jogo, Paulo sentiu dores no peito e no braço, tentou aferir a pressão
em uma farmácia, recorreu à Santa Casa, mas não resistiu.
"Como já vinha treinando há três meses, batalhando por isso, acho que
foi muita emoção pra ele. Ele não fazia planos, ele deixava acontecer,
ele vivia o agora, ele viveu o agora", afirma Davi, amparado pela
convicção de que Paulo morreu com um sentimento de realização.
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