Pesquisa da USP estimula o cérebro com choques elétricos para tratar obesidade
Correntes de baixa intensidade agem na região da cabeça responsável pelo controle da fome. Tratamento é recomendado a quem não consegue perder peso, após muitas tentativas.
Por Jornal da EPTV 2ª edição
A secretária Michele Fávaro dos Santos conta que já fez vários tipos de
dietas, tratamentos médicos, atividades físicas e até acompanhamento
psicológico para perder peso, mas nunca conseguiu. Aos 36 anos, ela
aposta em uma nova técnica, ainda em fase de estudo na USP em Ribeirão
Preto (SP), para conseguir vencer a obesidade de uma vez por todas.
O procedimento, inédito no Brasil, mas já testado em dez países,
consiste em disparar correntes elétricas de baixa intensidade na cabeça
do paciente, por meio de eletrodos, para estimular a região do cérebro
responsável pelo controle da fome.
“Sabe aquela luz no fim do túnel? Eu coloquei uma meta para mim que
essa seria a minha luz no fim do túnel.
Elas vão conseguir me ajudar,
essa é a minha esperança. E a receptividade das pesquisadoras, o carinho
que elas têm, passa uma coisa positiva para a gente”, diz Michele.
Ao todo, 36 mulheres com idade entre 24 e 40 anos, e índice de massa
corporal entre 30 e 35 – que é considerado obesidade –, participam da
pesquisa. As voluntárias vão passar por dez sessões de estímulos
elétricos e depois receber uma dieta desenvolvida pela equipe da USP.
“Após duas semanas de estimulação cerebral associada à dieta
hipocalórica, elas voltam para casa, seguem a dieta e nós acompanhamos
por seis meses, para saber a perda de peso, as escolhas alimentares que
elas fazem”, explica a nutricionista Priscila Giacomo Fassini.
A pesquisadora destaca que a mudança do estilo de vida ainda é a
terapia mais recomendada para tratar a obesidade e que a estimulação
cerebral é indicada a pessoas que não conseguem perder peso, mesmo
depois de muitas tentativas.
“Na verdade, o que a gente busca é que ela tenha um melhor
autocontrole. A técnica visa diminuir o desejo por alimentos e melhorar o
controle do apetite e, com isso, selecionar melhor os alimentos que
elas vão ingerir”, afirma.
Os testes estão sendo realizados em parceria com a Universidade Tufts e
a Escola de Medicina de Harvard, ambas nos Estados Unidos. Os primeiros
resultados apontam que voluntários norte-americanos conseguiram perder
1% do peso por semana com a nova técnica.
Voluntária da pesquisa, a analista administrativa Viviane Fornari, de
33 anos, já realizou as primeiras sessões e garante que o procedimento
não dói. O objetivo dela é perder 15 quilos e chegar ao peso que tinha
quando casou, há cinco anos.
“Não sente nada, fica ali paradinha, tranquila. Nunca fiz nenhuma
dieta, então essa é a minha esperança e eu vou conseguir”, diz.
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