PM é indiciado por morte de garota de 6 anos baleada em operação no bairro de São Caetano, em Salvador
Exame de balística revelou que tiro que atingiu a menina partiu da arma do agente. Justiça irá determinar se policial será preso.
Por G1 BA
Um dos policiais militares envolvidos na operação que deixou uma criança de 6 anos morta, no bairro de São Caetano, em Salvador,
foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar,
mas assume o risco do crime. A informação foi divulgada pela Polícia
Civil nesta sexta-feira (14). O caso aconteceu em março deste ano.
De acordo com a polícia, o exame de balística revelou que o tiro que
atingiu a menina Mirela do Carmo Barreto partiu da arma do policial
militar, uma pistola ponto 40, que foi entregue para perícia após o
ocorrido. Conforme a polícia, o inquérito, que dependia de resultados de
perícias, foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) no dia 30 de junho.
Segundo a polícia, a Justiça deve decidir se irá ou não pedir a prisão
do policial, identificado como Aldo Santana do Nascimento, que é lotado
na 9ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pirajá). Em nota, a
Polícia Militar informou que a Corregedoria da Corporação instaurou um
Procedimento Administrativo (PAD) e o policial foi afastado da função.
Em relação aos outros policiais envolvidos na operação, segundo a PM,
não há nenhum processo que aponte contra conduta deles, que continuam
trabalhando normalmente.
Em entrevista ao G1,
nesta sexta-feira, o pai de Mirela informou que ainda não tinha tomado
conhecimento do afastamento do PM e nem da conclusão do inquérito
policial. Emocionado, o vigilante Robenilton de Jesus Barreto disse que
espera que a justiça seja feita.
"A gente quer que ele [PM] seja expulso da corporação. Uma pessoa dessa
não tem condições de trabalhar como policial. Eu queria saber o que deu
na cabeça dele para atirar assim para cima. Minha filha era uma criança
alegre, cheia de vida, e teve a vida tirada por um policial
despreparado. Uma criança que não estava doente, não estava na rua,
estava dentro da sua própria casa", disse Robenilton.
Quatro meses após a morte da filha, Robenilton e a mulher, que é dona
de casa, ainda não voltaram para o imóvel onde moravam com Mirela, lugar
onde ela foi baleada. "As lembranças são muitas. Mirela estava em todos
os momentos com a gente. [A perda] é muito difícil, sofrida" disse
Robenilton.
Caso
A garota morreu na noite de 17 de março. Segundo a Secretaria da
Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), policiais militares seguiam o sinal
de GPS, na Rua Gomeia, onde a menina morava, para rastrear um celular
roubado, quando foram recebidos a tiros por criminosos. Conforme a
polícia, os PM's revidaram e o policial Aldo Santana disparou para o
alto, em sinal de advertência. Um dos tiros atingiu a menina, que estava
com a mãe, que estendia roupas no momento do ocorrido. A mulher não foi
atingida.
No entanto, os moradores da localidade e a família da garota contestam a
versão da polícia e dizem que não houve troca de tiros, porque chovia
no momento da ação e a rua estava vazia. Segundo eles, os policiais chegaram ao local atirando, sem nenhum motivo aparente.
Após ser baleada, Mirela do Carmo chegou a ser socorrida para a Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) de San Martin, mas não resistiu aos
ferimentos. Após a ação, as armas dos policiais que participaram da
operação foram recolhidas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT)
para realização de perícia. O resultado dos exames saiu no final de junho
e foi anexado ao inquérito.
Mirela era a única filha do vigilante Robenilton de Jesus, 36 anos, com
a dona de casa Edneide Barbosa, de 42. O vigilante tem outra filha de
16 anos. Depois do crime, os familiares da garota realizaram alguns
protestos para pedir agilidade nas investigações e justiça. Em uma das
manifestações, parte
da BR-324, na altura da localidade conhecida como Jaqueira do Carneiro,
em Salvador, foi interditada pelos moradores do bairro.
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