sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sangue raro presente em apenas 11 famílias brasileiras salva bebê na Colômbia

Ceará foi o primeiro estado brasileiro a fazer uma doação internacional do sangue Bombaim, raro em todo o mundo.

Por G1 CE
 

Um bebê de Medellin, na Colômbia, foi salvo graças a uma transfusão realizada com o sangue de um doador cearense. O sangue doado é de um tipo raro chamado "hh" ou fenótipo Bombaim. A paciente é uma menina de um ano e dois meses que apresentava sangramento digestivo grave e precisava de transfusão urgente. 

A bolsa de sangue de 350 mm foi enviada na segunda-feira (10), e a transfusão ocorreu em Medellin nesta quarta (12). 

O sangue raro foi identificado em um jovem cearense de 23 anos. "O primeiro passo foi entrar em contato com o doador e convidá-lo a realizar a boa ação. Quando liguei e contei sobre o caso, ele mostrou-se sensível à atitude solidária e já no dia seguinte esteve no Hemoce doando sangue", diz Nágela Lima, coordenadora da captação de doadores. 

No Brasil, apenas 11 famílias possuem esse tipo de sangue, conforme a Secretaria da Saúde. De acordo com a hematologista Denise Brunetta, coordenadora do laboratório de Imuno-hematologia do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), o doador cearense faz parte de uma dessas famílias. 

"Todo o sangue doado no Hemoce passa por um processo de análise e testes que incluem tipagem ABO e RH e pesquisa anticorpos irregulares", explica. 

Muito raro, na Índia a prevalência desse fenótipo é de um a cada 10 mil e na Europa, um a cada um milhão. 

O fenótipo Bombaim não tem o antígeno H nas células vermelhas do sangue. Pessoas com esse tipo de sangue só podem receber doação de outras que tenham o mesmo tipo sanguíneo. Também é conhecido como "falso O", o grupo sanguíneo de Bombaim não tem nenhum antígeno ABO, nem H.

Compatibilidade

Ser deficiente para a enzima H não causa doença, mas se uma transfusão sanguínea for necessária, pessoas com fenótipo Bombaim podem receber sangue apenas de outros doadores que também são deficientes para a enzima H. 

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Ceará é o primeiro estado brasileiro a realizar o envio internacional de sangue raro para doação. 

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