Unicamp analisa corredores amadores e alerta para consumo ineficaz de suplementos
Duas mil pessoas foram avaliadas em um período de quatro anos, e parte consome 'combustível' para treinos à toa. Estudo também focou na incidência de lesões.
Por Jornal da EPTV 1ª Edição
Uma pesquisa da Faculdade de Educação Física da Unicamp de Campinas
(SP) analisou dois mil corredores amadores durante quatro anos e
concluiu que o consumo de suplementos alimentares - carboidratos,
proteínas, vitaminas e aminoácidos - por parte deles acaba sendo
ineficaz. Metade dos participantes do estudo não faz acompanhamento com
um profissional.
Os pesquisadores perceberam que, ao longo dos anos de estudo, os
corredores passaram a consumir mais "combustíveis" para treinar. Do
total, 21% deles afirmaram consumir suplementos. No entanto, nem sempre o
objetivo da substância tinha relação com o objetivo do esportista.
"Nós observamos que, em alguns casos, eles relatam consumir o suplemento pra um determinado objetivo que não é o objetivo principal do suplemento. E ainda consomem em momentos que não são os mais adequados", explica o pesquisador José Vitor Vieira Salgado.
O estudo demonstrou que o indivíduo que treina por mais tempo, ou por
uma quilometragem maior, consome mais suplementos. Salgado orienta que
um profissional especializado ajuda a definir, inclusive, se a pessoa
precisa dessa complementação alimentar, ou não.
31,4% sofreram lesões
O estudo também concluiu que 31,4% dos corredores amadores sofreram
algum tipo de lesão e que as incidências de lesões são diretamente
proporcionais à quantidade de treinos, segundo o pesquisador.
"O fato da lesão está muito mais associado com a exposição, com o volume de treinamento. Ou seja, a quilometragem percorrida por semana, a intensidade dos treinamentos, do que o próprio fato de ter orientação ou não", afirma Salgado.
O acompanhamento de um profissional pode fazer diferença nos treinos
dos amadores, principalmente com relação ao desempenho e à saúde. Mas,
desde que haja um tempo de recuperação adequado para cada estímulo do
orientador.
"Quando a gente observa a característica dos corredores orientados, a
gente observa que eles treinam mais.
[...] Acredita-se que essa
exposição proporciona maior chance de lesão. Então, o que é muito
importante é associar o tempo de estímulo e o tempo de recuperação.
Programar os treinos e programar as pausas. [...]
É indispensável que
tenha uma boa orientação", completa.
Diferença
Praticante de corrida há dois anos, o gerente de informática Marcelo
Miyata buscou a atividade inicialmente para perder peso, mas não via
evolução. Há um ano, percebeu que o acompanhamento de um profissional
chama a atenção para o tempo de corrida e ajuda a traçar objetivos.
"Toda vez que você faz por conta, você corre o risco de errar e fazer
ou alguma coisa de menos, ou alguma coisa em excesso", diz o gerente.
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