terça-feira, 20 de junho de 2017

Gravidez não é perigosa para mulheres que tiveram câncer de mama, diz estudo

Em vídeo, oncologista Fernando Maluf comenta sobre gravidez pós-câncer de mama. Estudo acompanhou 1.207 mulheres que tiveram câncer com menos de 50 anos.

Ficar grávida depois de ter câncer de mama não aumenta risco de doença retornar, segundo estudo. (Foto: REUTERS/Regis Duvignau)  
Ficar grávida depois de ter câncer de mama não aumenta risco de doença retornar, segundo estudo. (Foto: REUTERS/Regis Duvignau) 
 
Ficar grávida depois de um diagnóstico de câncer de mama não aumenta o risco de que o câncer retorne, segundo o maior estudo sobre este tema já realizado, divulgado no início de junho em uma importante conferência sobre oncologia. 

O estudo incluiu 1.207 mulheres com menos de 50 anos que tiveram câncer de mama que não havia se espalhado para outras partes do corpo. 

A maioria das mulheres no estudo (57%) tinha câncer de mama com receptores de estrogênio (um tipo de câncer conhecido como RE-positivo), no qual os tumores são alimentados por este hormônio. 

Alguns médicos acreditavam que essas mulheres podiam enfrentar um maior risco de recidiva do câncer se ficassem grávidas, devido a alterações hormonais durante a gestação. 

Um total de 333 mulheres engravidaram durante o estudo, em média 2,4 anos após o diagnóstico e o tratamento do câncer.

10 anos de acompanhamento

Após um acompanhamento de 10 anos, os pesquisadores não encontraram "nenhuma diferença na sobrevivência livre de doença entre as mulheres que ficaram grávidas e as que não ficaram", segundo o artigo divulgado na reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica. 

A gravidez também mostrou benefícios surpreendentes para as mulheres que tinham sobrevivido a um câncer de mama sem receptores hormonais. Essas mulheres tinham uma chance 42% menor de morrer do que aquelas que não tinham engravidado. 

"Nossas descobertas confirmam que a gravidez depois de um câncer de mama não deveria ser desencorajada, nem mesmo para mulheres com câncer RE-positivo", disse Matteo Lambertini, médico que dirigiu este estudo no Instituto Jules Bordet em Bruxelas. 

"É possível que a gravidez possa ser um fator de proteção para pacientes com câncer de mama do tipo RE-negativo, através de mecanismos do sistema imunológico ou hormonais, mas é necessário mais pesquisas sobre isso", acrescentou. 

Cerca de metade das mulheres jovens recém-diagnosticadas com câncer de mama tem interesse em ter filhos, mas as pesquisas mostram que menos de 10% delas ficam grávidas depois de receber tratamento para combater a doença. 

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