Gravidez não é perigosa para mulheres que tiveram câncer de mama, diz estudo
Em vídeo, oncologista Fernando Maluf comenta sobre gravidez pós-câncer de mama. Estudo acompanhou 1.207 mulheres que tiveram câncer com menos de 50 anos.
Ficar grávida depois de um diagnóstico de câncer de mama não aumenta o
risco de que o câncer retorne, segundo o maior estudo sobre este tema já
realizado, divulgado no início de junho em uma importante conferência
sobre oncologia.
O estudo incluiu 1.207 mulheres com menos de 50 anos que tiveram câncer
de mama que não havia se espalhado para outras partes do corpo.
A maioria das mulheres no estudo (57%) tinha câncer de mama com
receptores de estrogênio (um tipo de câncer conhecido como RE-positivo),
no qual os tumores são alimentados por este hormônio.
Alguns médicos acreditavam que essas mulheres podiam enfrentar um maior
risco de recidiva do câncer se ficassem grávidas, devido a alterações
hormonais durante a gestação.
Um total de 333 mulheres engravidaram durante o estudo, em média 2,4 anos após o diagnóstico e o tratamento do câncer.
10 anos de acompanhamento
Após um acompanhamento de 10 anos, os pesquisadores não encontraram
"nenhuma diferença na sobrevivência livre de doença entre as mulheres
que ficaram grávidas e as que não ficaram", segundo o artigo divulgado
na reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.
A gravidez também mostrou benefícios surpreendentes para as mulheres
que tinham sobrevivido a um câncer de mama sem receptores hormonais.
Essas mulheres tinham uma chance 42% menor de morrer do que aquelas que
não tinham engravidado.
"Nossas descobertas confirmam que a gravidez depois de um câncer de
mama não deveria ser desencorajada, nem mesmo para mulheres com câncer
RE-positivo", disse Matteo Lambertini, médico que dirigiu este estudo no
Instituto Jules Bordet em Bruxelas.
"É possível que a gravidez possa ser um fator de proteção para
pacientes com câncer de mama do tipo RE-negativo, através de mecanismos
do sistema imunológico ou hormonais, mas é necessário mais pesquisas
sobre isso", acrescentou.
Cerca de metade das mulheres jovens recém-diagnosticadas com câncer de
mama tem interesse em ter filhos, mas as pesquisas mostram que menos de
10% delas ficam grávidas depois de receber tratamento para combater a
doença.
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