quinta-feira, 1 de junho de 2017

O que se sabe sobre o ataque que matou dezenas em área de segurança máxima no Afeganistão

Atentado ocorreu durante a hora do rush em área repleta de representações diplomáticas; maioria das vítimas é civil.

O que se sabe sobre o ataque que matou dezenas em área de segurança máxima no Afeganistão 

Um atentado suicida com carro bomba matou pelo menos 80 pessoas e feriu outras 350 nesta quarta-feira em Cabul, capital do Afeganistão. A maioria das vítimas é civil. 

A explosão, a mais fatal dos últimos anos, aconteceu perto da Praça Zanbaq, em uma zona de segurança máxima e repleta de representações diplomáticas. 

Várias embaixadas, como as da França e da Alemanha, ficaram danificadas. O Brasil não tem representação diplomática no Afeganistão.

O ataque aconteceu durante a hora do rush e foi tão forte que quebrou janelas e portas a quilômetros de distância. 

O Talebã negou ter realizado o atentado. O grupo autodenominado Estado Islâmico ainda não se pronunciou. Ambos estiveram por trás de ataques recentes no país. 

O motorista do serviço afegão da BBC, Mohammed Nazir, foi uma das vítimas. 

Milhares de pessoas já morreram em atentados suicidas no Afeganistão. O país foi invadido por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos em 2001, após os atentados de 11 de setembro. Antes disso, fora disputado por americanos e russos durante a Guerra Fria, por sua importância estratégica. 

Entenda o que se sabe até agora sobre o ataque:

1. Quando e onde o atentado ocorreu?

A bomba explodiu por volta das 8h25 (12h44 de Brasília) durante a hora do rush no distrito onde estão concentrados prédios do governo afegão e embaixadas. 

Serviços de emergência foram acionados às pressas e autoridades isolaram a área, estabelecendo um perímetro de segurança. 

Imagens mostram dezenas de carros queimados ou em chamas. Mais de 50 veículos ficaram destruídos. 

Basir Mujahid, porta-voz da polícia de Cabul, afirmou à agência de notícias Reuters que a explosão ocorreu perto da embaixada da Alemanha. 

Ele ressalvou, no entanto, não saber "qual era o alvo exato". 

O local concentra outros prédios importantes, como o palácio presidencial e várias embaixadas. 

Alguns relatos dizem que a bomba estava em um caminhão ou em um caminhão-pipa. 

Autoridades tentam entender agora como o veículo conseguiu entrar uma área extremamente fortificada, com muros anti-explosão de 3 metros de altura.

2. Quem são as vítimas?

Relatos iniciais indicam que a maioria das vítimas é civil. Segundo o Ministério da Saúde, o saldo de mortos deve subir nas próximas horas. 

O porta-voz da pasta, Ismael Kawoosi, afirmou: "Eles ainda estão trazendo corpos e feridos para os hospitais".

O Ministério do Interior pediu aos moradores que doassem sangue, dizendo que havia uma "necessidade extrema". 

À Reuters, o dono de uma loja, Sayed Rahman, disse que seu estabelecimento ficou danificado. "Nunca tinha visto uma explosão tão forte na minha vida", acrescentou. 

Outro morador, Abdul Wahid, afirmou à BBC que a explosão "foi como um forte terremoto".

Entre os mortos está Mohammed Nazir, que trabalhava para o serviço afegão da BBC há mais de quatro anos. Outros quatro funcionários ficaram feridos, mas não correm risco de morte. 

O chanceler da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que funcionários da embaixada de seu país ficaram feridos e um dos seguranças, de origem afegã, morreu. 

Autoridades francesas afirmaram que sua embaixada ficou danificada, mas nenhum francês morreu. A embaixada do Reino Unido informou que todos os funcionários estão bem. O chanceler da Índia, Sushma Swaraj, disse que ninguém se feriu. 

Dois funcionários da embaixada do Japão ficaram levemente feridos. A Turquia informou que a embaixada foi danificada, mas ninguém ficou ferido. 

A agência de notícias Tolo, do Afeganistão, tuitou que um de seus funcionários, Aziz Navin, morreu. 

Um jornalista da agência também disse que algumas das vítimas eram da operadora de telefonia celular Roshan, mas essa informação ainda não foi confirmada.

3. Como a comunidade internacional reagiu?

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, condenou "fortemente o ataque covarde no mês sagrado do Ramadã mirando civis inocentes em seu cotidiano". 

O ministro alemão Sigmar Gabriel descreveu o ataque como "desprezível". 

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, também condenou o atentado no Twitter. "Nossos pensamentos estão com as famílias dos falecidos e orações com os feridos", escreveu. 

A chancelaria do Paquistão também: "Paquistão, sendo a vítima do terrorismo, entende a dor e a agonia que tais incidentes infligem às pessoas e à sociedade".

4. Quem pode estar por trás do ataque?

O Talebã e o braço do grupo autodeclarado Estado Islâmico no Afeganistão são os principais suspeitos. 

No entanto, logo depois do ataque, o Talebã emitiu um comunicado negando o envolvimento. 

Seu porta-voz, Zabihullah Mujahid, disse que o grupo extremista condena ataques não direcionados que causam vítimas civis. 

O EI no Afeganistão havia confirmado estar por trás do ataque suicida a bomba neste mês contra um comboio da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no momento em que passava pela embaixada americana em Cabul. Pelo menos oito civis foram mortos. 

O grupo ainda não se pronunciou sobre o ataque desta quarta-feira. 

Ao anunciar o início de sua maior ofensiva no mês passado, o Talebã disse que seu principal alvo seria as forças estrangeiras. 

Os EUA têm, atualmente, 8,4 mil soldados no Afeganistão. O contingente é acrescido de outros 5 mil combatentes que formam a coalizão da Otan. 

O Pentágono teria pressionado o presidente americano, Donald Trump, a enviar de volta milhares de militares para o país para tentar conter os avanços do Talebã. 
 
Mais de um terço do país já estaria fora do comando do governo. 

Um ataque realizado pelo grupo contra uma base de treinamento das Forças Armadas afegãs na cidade de Mazar-e Sharif, no norte do país, matou 135 soldados no mês passado, e levou à renúncia do ministro de Defesa e do chefe do Estado-Maior do Exército.

5. Ataques recentes em Cabul

8 de março de 2017: Mais de 30 pessoas mortas depois de extremistas vestidos como médicos invadirem o hospital militar Sardar Daud Khan 

21 de novembro de 2016: Pelo menos 27 mortos em um ataque suicida com bomba na mesquita Baqir ul Olum durante cerimônia xiita 

23 de Julho de 2016: Pelo menos 80 pessoas mortas em dois ataques a bomba simultâneos contra um protesto da minoria xiita hazara na Praça Deh Mazang 

19 de abril de 2016: Pelo menos 28 mortos devido a uma explosão perto do prédio do Ministério da Defesa 

1 de fevereiro de 2016: 20 mortos em um ataque a bomba suicida na sede da polícia 

7 de agosto de 2015: Pelo menos 35 pessoas mortas em ataques a bomba pela capital 






 

 

 

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