MIT: tecnologia e longevidade são duas forças convergentes
1ª. impressão equivocada: envelhecimento ter a ver só com saúde
Segundo Coughlin, o primeiro erro é pensar que o envelhecimento é basicamente um problema médico a ser solucionado, quando, na verdade, é um estágio da vida a ser reinventado. Sendo assim, usar a tecnologia para monitorar idosos em casa, prevenir quedas ou lembrá-los de tomar remédios é uma abordagem incompleta da questão. “Os mais velhos costumam ter diversas doenças crônicas, mas, se elas estão sob controle, essas pessoas querem fazer coisas que nada tenham a ver com as enfermidades. Como a tecnologia pode ser usada para viabilizar mais vida social, criatividade, aprendizado, trabalho voluntário ou em meio período ou apenas risadas?”, ele questiona, lembrando que a inovação tem que identificar desejos que ainda não foram articulados.
2ª. impressão equivocada: design universal ser capaz de resolver tudo
O diretor do AgeLab afirma que, apesar do mérito do design universal (cujo propósito é criar produtos, ambientes e serviços que possam atender ao maior número de pessoas), ele não pode ser usado como desculpa para falta de funcionalidade e criatividade. Coughlin diz que estão sendo criados produtos pasteurizados e esteticamente inaceitáveis, quando designers realmente inovadores devem procurar encantar o consumidor. Ele cita exemplos como interfaces que possam ser personalizadas, a utilização de cores vibrantes e opções de uso que estimulem a imaginação.
3ª. impressão equivocada: produtos exclusivos para velhos
Coughlin não esconde que é um ferrenho adversário de produtos que marcam com um carimbo de “velho” quem os utiliza. Cita como exemplo os sistemas de alarme para idosos, que são fáceis de usar mas, ainda assim, têm baixa aceitação, sendo adotados por apenas 5% do público-alvo. O motivo: ninguém quer estar associado a fragilidade e decadência, nem em público, nem dentro de casa. Qual a saída? Ele sugere produtos que sejam simples, convenientes, que tenham um propósito e sejam charmosos – essas são características que não têm idade.
4ª. impressão equivocada: quem compra é quem consume
Com muita frequência, quem compra os produtos não é a pessoa que vai usá-los, e sim um membro da família ou um cuidador. É preciso levar isso em conta e saber como atingir esse segmento que tem a tarefa de ser responsável por idosos. Pontos de venda e sites voltados para idosos poderiam focar também na faixa etária entre 40 e 50 anos, ampliando a informação disponível sobre o que há no mercado. Todos se beneficiariam com uma maior interação e integração, que levaria ao aperfeiçoamento de produtos e serviços para os mais velhos.
5ª. impressão equivocada: tecnologia é sempre inovação
A invenção, sozinha, não é inovação, ensina Couglin. Inovação é pôr ideias práticas em uso. Daí a importância de considerar o contexto em que a tecnologia vai ser utilizada: como será feita a compra e quem vai instalar? Quando houver problemas de mau funcionamento (porque eles sempre ocorrem), quem vai dar suporte ao idoso ou a seu cuidador? Para qualquer produto que envolva tecnologia, há uma jornada do consumidor que inclui pesquisa, compra, instalação, aprendizado de uso, manutenção. Entender essa jornada e se antecipar às dificuldades que possam surgir será um grande fator de sucesso para quem se aventurar nesse mercado.
Foto: Joseph Coughlin, diretor do AgeLab / Divulgação
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