domingo, 2 de julho de 2017

Pais acusam Hospital das Clínicas de negligência após bebê que teve intestino operado morrer por meningite

Laudos da unidade de emergência em Ribeirão Preto (SP) apontam que menino foi desentubado acidentalmente e que leito no CTI só foi liberado cinco horas após ser solicitado.

 
Um casal de Ribeirão Preto (SP) acusa o Hospital das Clínicas de negligência ao submeter o filho deles, de 3 meses, a uma cirurgia supostamente desnecessária no intestino. Giovani Orsini morreu no dia seguinte ao procedimento em decorrência de meningite. 

Ao Jornal da EPTV, o Hospital das Clínicas informou apenas que está verificando o que ocorreu durante o atendimento do paciente. 

“Eu tenho médico na família, pediatra na família, e ele falou: fizeram tudo errado com o seu filho. Desde que tenham uma suspeita de meningite, pneumonia, não podem operar, teriam que ter feito o exame primeiro. 

Isso deixou a gente muito revoltado”, diz a mãe do bebê, Sabrina Sakaue. 

Sabrina conta levou o filho até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em 21 de abril, porque o menino chorava muito. O médico diagnosticou infecção no ouvido e receitou medicação para ser aplicada em casa. 

Dois dias depois, o sintoma persistia e a família retornou à UPA. 
Giovani Orsini, de 3 meses, e a mãe, Sabrina Sakaue, em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução) 
Giovani Orsini, de 3 meses, e a mãe, Sabrina Sakaue, em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução) 
 
Dessa vez, a equipe suspeitou de intussuscepção intestinal, quando parte do intestino se dobra sobre outra, e encaminhou Giovani à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), onde o bebê foi isolado e submetido a exames. 

“Eles isolaram meu filho, falando que poderia ter intussuscepção, meningite, poderia ter várias coisas. Eles tiraram o sangue dele e, logo em seguida, passaram para o ultrassom. Eles falaram que já sabiam o que era e prepararam o mais rápido possível para fazer a cirurgia”, relembra. 

Um laudo do próprio HC-UE aponta que “não houve achados cirúrgicos” e em outro prontuário, também fornecido pelo hospital à família, consta que ao final da cirurgia o bebê foi “extubado acidentalmente”, ou seja, a entubação foi retirada. 
 
“Eles voltaram e falaram para a gente que tiraram o tubo, que ele estava correndo risco, caiu secreção no pulmão e que ele estava correndo risco. Fizeram uma cirurgia que não precisava ser feita. Poderia? Poderia, mas não naquele momento”, desabafa a mãe. 
Giovani Orsini, de 3 meses, morreu após ser submetido a cirurgia no intestino (Foto: Reprodução) 
Giovani Orsini, de 3 meses, morreu após ser submetido a cirurgia no intestino (Foto: Reprodução) 
 
Giovani ainda esperou por mais de cinco horas até ser internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico, conforme consta no relatório do HC-UE. O bebê morreu na manhã seguinte, em 24 de abril. 

O atestado de óbito aponta como causa da morte “meningite purulenta”. Para o pai do bebê, Giordani Orsini, houve imprudência do hospital ao não realizar exame para a doença, antes de submeter o filho à cirurgia. 

“Quando veio a óbito, não veio o médico falar, veio uma psicóloga. Passou o tempo, a gente começou a descobrir: foi erro, imprudência, negligência. Se eles falam ‘a gente errou, perdão’, a gente até aceitaria. 

Mas, ocultar essas coisas. Tudo o que foi feito nele foi errado”, afirma. 
Sabrina Sakaue e Giordani Orsini, pais de Giovani, que morreu em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV) 
Sabrina Sakaue e Giordani Orsini, pais de Giovani, que morreu em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)  

O advogado da família, José Augusto Aparecido Ferraz, diz que ingressará com ações na Justiça para exigir indenização por danos morais e pedir a condenação da equipe que atendeu Giovani por homicídio culposo. 

A defesa também encaminhará os laudos ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) para que apure a conduta os médicos. 

“Punir realmente a instituição para que isso não mais ocorra com os filhos de outras pessoas e tentar ressarcir todo esse prejuízo causado aos pais, de danos morais, efeitos psicológicos e emocionais”, afirma o advogado. 
Prontuário do Hospital das Clínicas aponta que bebê foi 'extubado acidentalmente' e que vaga no CTI foi liberada após 5 horas (Foto: Reprodução) 
Prontuário do Hospital das Clínicas aponta que bebê foi 'extubado acidentalmente' e que vaga no CTI foi liberada após 5 horas (Foto: Reprodução)  

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