terça-feira, 22 de março de 2016

22/03/2016 13h09 - Atualizado em 22/03/2016 13h09

Pesquisa da UFV busca medicamento contra vírus transmitidos pelo Aedes

Trabalho pode resultar em antiviral que inibe desenvolvimento de doenças.
'Ainda precisamos de muitos testes para chegar ao remédio', diz professor.

Pesquisadores da UFV buscam remédio contra doenças transmitidas pelo Aedes (Foto: CCS/UFV) 

Pesquisadores buscam remédio contra doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti (Foto: CCS/UFV)

Uma pesquisa sobre o vírus "Oeste do Nilo" pode levar a um medicamento que poderá ser usado para inibir os efeitos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Esse é o objetivo de uma pesquisa em andamento no Laboratório de Química Supramolecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Os vírus transmitidos pelo mosquito têm semelhanças estruturais que os tornam vulneráveis à composição das substâncias que estão em estudo para a elaboração do remédio.

Cidades da Zona da Mata registram casos e até mortes por dengue, zika e chikungunya, além de suspeitas de Síndrome de Guillain-Barré. De acordo com o coordenador do programa de pós-graduação em Agroquímica, Robson Ricardo Teixeira, os resultados até agora são animadores, mas ainda há muito a ser feito.

“Nós estamos com pouco mais de um ano de pesquisa e atingindo bons resultados. Não queremos ser negligentes. Ainda precisamos de muitos testes, temos pelo menos entre dez e 12 anos pela frente para chegar ao remédio”, explicou o professor.

A equipe é formada por ele, pelo professor Sérgio Oliveira de Paula, do Departamento de Biologia Geral, e pelos estudantes de doutorado do Programa de Biologia Celular e Estrutural da UFV, Ana Flávia Costa da Silveira Oliveira e André Silva de Oliveira, e a mestranda do Programa de Pós-graduação em Agroquímica, Ana Paula Martins de Souza.

Desde 2014 o grupo testa e sintetiza compostos naturais no laboratório, avaliando-os contra uma proteína do vírus do Oeste do Nilo, causador da encefalite.

“Um dos testes que fizemos com o composto sintetizado foi contra uma protease, que contribui para a replicação viral, ou seja, multiplicação do vírus no organismo. Esta protease que está presente no vírus do Oeste do Nilo é muito parecida com a que existe nos vírus da dengue e da zika. Por isso, é bastante provável que, ao conseguir uma substância que iniba a ação dela, conseguiremos interromper o processo de infecção das outras doenças”, comentou Robson Ricardo Teixeira.

O professor destacou que, se os testes continuarem evoluindo positivamente, a pesquisa pode chegar a um antiviral, que seria usado para inibir a ação do vírus no organismo.

“Nos testes até agora, chegamos a inibir 90% da ação da proteína, o que significa parar a multiplicação do vírus no organismo. Não é uma vacina, mas pode resultar em um remédio que deverá ser usado de forma preventiva para impedir o desenvolvimento da infecção”, explicou.

De acordo com o coordenador da pesquisa, o estudo se une aos trabalhos em andamento em outras universidades, que podem resultar em métodos de prevenção e combate à dengue e à zika, especialmente.

“Os pesquisadores têm a obrigação de correr atrás desta resposta, para a sociedade. Meu pai e minha mãe já tiveram dengue quatro vezes e não quero ver outras pessoas passando pelo que eles sofreram. Se a pesquisa puder encontrar um fármaco, que tenha poucos efeitos colaterais, que possa ser vendido a custo baixo para todos se protegerem dessas doenças, será ótimo”, afirmou.

Dengue, zika e chikungunya na Zona da Mata
De acordo com o boletim epidemiológico do dia 15 de março da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Juiz de Fora é a cidade com maior número de óbitos por dengue grave. Na Zona da Mata, houve casos em Além Paraíba, Bicas e Espera Feliz.

Desde janeiro, Ubá e Juiz de Fora decretaram situação de emergência. Também foram registrados casos de vírus da zika em Ubá, São João Nepomuceno e em Juiz de Fora.

Estão em investigação suspeitas de chikungunya em Juiz de Fora, Além Paraíba e em São João del Rei e dois casos de Síndrome de Guillain-Barré em uma criança de Além Paraíba e em um idoso de São João del Rei que morreu em um hospital de Barbacena.

Fonte: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2016/03/pesquisa-da-ufv-busca-medicamento-contra-virus-transmitidos-pelo-aedes.html

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