sexta-feira, 25 de março de 2016

23/03/2016 11h44 - Atualizado em 23/03/2016 12h25

Escala de dor determina tratamento de febre chikungunya no Recife

Novo protocolo criado na cidade avalia grau de dor causada pela doença.
Tratamento pode ir desde acupuntura ao uso de medicamentos mais fortes.

Jailson Correia, secretário de Saúde do Recife (Foto: Thays Estarque/G1)

Jailson Correia, secretário de Saúde do Recife, dá detalhes do novo protocolo (Foto: Thays Estarque/G1)

Após o registro das duas primeiras mortes causadas pela febre chikungunya em Pernambuco, o Recife decidiu criar um protocolo inédito para diagnóstico e tratamento da doença e assim minimizar o problema. O documento, elaborado pela Secretaria de Saúde da cidade, servirá como diretriz para os profissionais de saúde da capital pernambucana no combate à arbovirose.

O "Manejo de Dor na Chikungunya" estabelece uma escala de dor que vai de 0 a 10, da mais branda para a mais grave. Em cima desse grau, que é medido durante consulta e entrevista com os pacientes com suspeita da doença, é estabelecido o tipo de tratamento. Os métodos vão dos alternativos como a acupuntura até a utilização de medicamentos mais potentes para o controle da dor, sobretudo nas articulações, um dos principais sintomas da doença.

De acordo com o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correira, a capital percebeu um aumento nos pedidos por medicamentos mais eficientes e mais potentes para o controle dos sintomas da doença. Para suprir a demanda, precisou reorganizar seu rol de medicamentos e investir cerca de R$ 1 milhão. São drogas que, segundo o secretário, não se viam com tanta frequência na rede pública como o Paracetamol associado a Codeína e a Carmabazepina - usada em situações mais extremas de epilepsia. A pasta ainda precisou recompor o estoque de analgésicos.

"Os medicamentos serão manejados a partir dessa percepção da dor. Os primeiros dias da doença nós chamamos de fase aguda. É nessa fase, por exemplo, é muito importante ter o repouso. Com o passar do tempo, semanas e meses, já vai sendo necessário uma mobilização dessas articulações. Por isso a necessidade da fisioterapia", pondera Jailson Correia. Os sintomas da chikungunya podem ser sentidos pelo pacientes por três anos, a depender da gravidade.

O protocolo foi elaborado por um grupo de especialistas a partir do que vem sendo discutido pelo Ministério da Saúde, Organização Panamericana de Saúde (Opas), além da Organização Mundial de Saúde (OMS). O documento ainda alerta para convulsões no auge da doença. "Na chikungunya, estamos com uma atenção para os casos de inflamação no sistema nervoso central. Isso não é comum, não é algo que se tenha visto com muita frequência, mas temos os casos com óbito já confirmados que tiveram esse sintoma.

Então, isso é um sinal de gravidade", destaca o secretário.

Treinamento
Na ocasião do lançamento, a pasta ainda apresentou o protocolo a 200 profissionais de saúde. A ideia é introduzir essas diretrizes para normatizar a conduta dos médicos no manejo da dor, além do acolhimento desse paciente.

"Eles vão conhecer melhor a evolução da doença, eles vão poder acompanhar melhor seus pacientes, além de entender que a fisioterapia e a acupuntura são pontos a serem considerados a prescrever aos pacientes", adianta a gerente geral das Políticas Estratégicas de Secretaria de Saúde do Recife, Zelma Pessôa. Outros 200 profissionais participaram do mesmo treinamento na tarde desta quarta-feira, no auditório do Banco Central, na Rua da Aurora.

Em menos de um mês, o número de casos notificados de febre chikungunya em Pernambuco mais que dobrou. De acordo com o boletim da Secretaria Estadual de Saúde divulgado nesta terça-feira (22), há 12.269 pacientes com suspeita de ter a doença. No dia 1º de março, esse número era de 6.076. Além disso, pela primeira vez, o estado confirmou quatro casos de vírus da zika.

Até agora, foram confirmados 288 casos de chikungunya e 408, descartados. Desde o dia 3 de janeiro, houve duas mortes confirmadas no município do Recife. Ao todo, 116 óbitos podem ter sido causados por arboviroses -- doenças transmitidas por mosquitos.

Fonte: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2016/03/recife-cria-novo-protocolo-para-tratamento-da-febre-chikungunya.html

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