Segunda-feira, 28/03/2016, às 12:34,
por Dra. Ana Escobar
Você está calmamente executando suas tarefas cotidianas. Vivendo a sua
vida, simplesmente! De repente, do nada, vem uma sensação de desconforto
físico e mal estar. Começa a sentir calafrios, dores pelo corpo, um
espirro, um pouco de congestão nas vias respiratórias, sensação de
cansaço e vontade de deitar. Sente seu corpo esquentar. Pega o
termômetro e constata: febre. Toma um antitérmico, melhora um pouco e
dali umas poucas horas...tudo de novo. A febre volta e está alta. O mal
estar piora.
Na hora vem a dúvida: o quê será que é? Em tempos
de epidemias de vírus, a questão é imediata: será gripe ou umas destas
viroses como dengue, zika ou chikungunya? Como saber diferenciar e o que
fazer para esclarecer? Quais providências tomar? Quais exames estão
indicados? Vamos entender.
Neste outono, mais um vírus passa a
circular pelos ares contaminando e matando pessoas: o vírus da gripe A
(H1N1), também conhecida como gripe suína. Os números de casos e de
óbitos este ano, nesta época, já superou em muito os do ano passado.
Tanto que o governo cogita em antecipar a campanha de vacinação.
A
diferença maior entre este vírus e os da dengue, zika e chikungunya,
no que se refere à transmissão, é que o da gripe circula sozinho pelos
ares, passando diretamente da pessoa portadora para a pessoa susceptível
pelo próprio ar ou por secreções contaminadas. Os outros vírus em
geral “voam” instalados no organismo mosquito vetor e transmissor, o Aedes aegypti.
Os
sintomas gerais de todas estas viroses são muito semelhantes,
principalmente no início: febre, que pode ser alta, dor de cabeça, dores
pelo corpo, muito cansaço, sonolência, inapetência, dor nos olhos,
sensação de congestão, náuseas, vômitos e dores nas articulações.
No
entanto, estas viroses tem, além destes sintomas comuns,
particularidades clínicas específicas, muitas vezes difíceis para
diferenciar, que assim se caracterizam:
- Gripe A H1N1:
os sintomas de congestão são mais expressivos como congestão e coriza
nasal, que pode ser clara ou purulenta, espirros, tosse seca ou com
catarro e muita dor de garganta. Pode ocorrer também dor de ouvido. A
dor de cabeça é muito comum, especialmente quando a movimentamos.
- Dengue:
na dengue os sintomas congestivos são menos expressivos. Quase não há
coriza nem tosse. Mas há muita dor de cabeça e uma dor característica
atrás dos olhos. Predominam a intensa sensação de cansaço e as dores
pelo corpo todo. Podem surgir manchas vermelhas leves pelo corpo.
- Dengue hemorrágica:
o quadro é bem mais intenso. Predominam a sensação de desconforto e os
sinais de sangramento. O nariz, a boca e as gengivas podem sangrar.
Podem surgir manchas roxas pelo corpo. Pode ocorrer uma dor abdominal
muito forte, contínua, que não melhora com nada. A pele fica fria e
pálida.
- Zika: de todas é a que tem sintomas
mais leves na fase aguda. Tanto assim que pode passar despercebida,
apenas como um quadro de desconforto sutil. Há poucos sintomas de
congestão nasal, tosse ou dor de garganta. As machinhas vermelhas
espalhadas pelo corpo são bastante características. Estas manchinhas
podem coçar, assemelhando-se a uma alergia. Os olhos também podem ficar
vermelhos e coçar um pouco.
- Chikungunya: os
sintomas congestivos, como a dengue e a zika, são menos predominantes.
As dores articulares é que são mais características. Acometem
principalmente as articulações dos pés, tornozelos e pulsos. Além da
dor, as articulações podem ficar inchadas e vermelhas. Estes sintomas
articulares podem durar semanas ou meses.
Os exames diagnósticos
gerais podem ser pedidos pelo médico na suspeita de uma destas viroses.
Um hemograma é sempre recomendável, pois indica se há ou não anemia.
Mostra também o número de leucócitos – nossos glóbulos brancos-
indicando-nos a situação de nossa defesa. Importantíssimo observar a
contagem das plaquetas, que são responsáveis pela coagulação do sangue;
o que é de extrema importância na suspeita de dengue hemorrágica.
Os
exames específicos podem também ser pedidos, dependendo da situação
clínica de cada paciente. Por isso, na presença destes sintomas,
recomenda-se uma avaliação médica bem completa.
A gripe é a
única destas viroses para a qual, além do tratamento geral, há
terapêutica antiviral específica, indicada em alguns casos. Para as
outras viroses o tratamento é de suporte e controle dos sintomas- o que
também é essencial para salvar vidas, especialmente quando indicado a
tempo.
Saber qual vírus nos acomete é muito importante! Fiquem atentos!
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