domingo, 12 de junho de 2016

11/06/2016 09h00 - Atualizado em 11/06/2016 09h00

Zika terá pico de transmissão no sul da Europa a partir de junho, diz estudo

Países como Portugal, Espanha, Grécia e Itália serão afetados.
Cientistas levaram em conta as condições climática e o tráfego aéreo. 

Microcefalia é causada por vírus da zika mutante, diz estudo (Foto: Rede Globo) 

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor do vírus da zika e da dengue (Foto: Rede Globo)

Pesquisadores da Universidade de Umeå, na Suécia, publicaram um estudo na revista “EBioMedicine” nesta sexta-feira (10) que indica um pico do vírus da zika entre os meses de junho e agosto no sul da Europa. A região compreende países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia.

A pesquisa foi baseada na previsão de temperatura para a época e levou em consideração o fluxo de passageiros aéreos que chegam a várias cidades europeias a partir de regiões das Américas. O estudo não levou em consideração uma possível influência da Olimpíada no Rio de Janeiro.

Além disso, os cientistas utilizaram as estimativas mensais da capacidade de reprodução e infecção pelo vírus da zika por mosquitos Aedes na Europa, levando em conta as áreas onde seria possível a transmissão.

Segundo o resultado, o pico de viajantes deve coincidir com o pico do risco de transmissão do vírus na região sul da Europa - entre os meses de junho e agosto. O pico de transmissão no Brasil, em 2016, ocorreu entre fevereiro e abril.

A descoberta dos meses em que deve ocorrer a maior incidência do vírus da zika pode “ajudar a opinião pública europeia e os profissionais e funcionários de saúde pública a identificar os locais e os horários em que o risco de importação e transmissão são elevados”, diz o estudo.

“Sabemos que climas quentes criam o tipo de condições adequadas para doenças transmitidas por mosquitos se espalharem", diz Joacim Rocklöv, pesquisador da Universidade de Umeå e co-autor do artigo.
As temperaturas mais altas são registradas durante esta época da região sul da Europa.

Riscos de transmissão no Rio
O professor Eduardo Massad, da Faculdade de Medicina da USP, fez uma estimativa de que cerca de 15 pessoas devem ser infectadas pelo vírus da zika na Olimpíada. O cálculo leva em conta apenas os visitantes.

Ele calcula que a chance de ser picado durante o evento por um mosquito Aedes aegypti é de 3,5%. Já a chance de um turista ou atleta ser infectado é "mínima".
Segundo o professor, o risco individual de dengue é de 5 casos por 10 mil indivíduos. Já no caso da zika, a probabilidade é de 3 casos para cada 100 mil. Caso venham 500 mil pessoas para o evento, como é previsto, Massad avalia que cerca de 15 pessoas sejam infectadas pelo vírus da zika e, no caso da dengue, cerca de 250.

Ainda de acordo com Massad, o mosquito Aedes Aegyptix, da dengue e do vírus da zika, tem picos de transmissão. Em agosto, no entanto, a chance de ser picado é muito menor que em meses como fevereiro.

Mesmo com tal perspectiva, mais de 150 cientistas de 28 países pediram à Organização Mundial da Saúde (OMS) que a Olimpíada do Rio seja adiada ou transferida para outro lugar.

Entre os especialistas que assinam a carta aberta estão médicos da Fiocruz e das universidades mais renomadas dos Estados Unidos, como Harvard e Colúmbia.

Eles afirmam que a exposição de atletas e turistas ao vírus da zika no Brasil pode pôr em risco a saúde global.

“A probabilidade de você receber uma picada de Aedes Aegypti no Rio de Janeiro no Carnaval...você tem ideia? 99,9%. É inescapável. Se você for no Rio no Carnaval, você vai ser picada (o) por um Aedes”, diz o professor, demonstrando que há muito mais risco de se visitar o Rio de Janeiro durante o mês do samba.

Medo do zika
O surto do vírus da zika no Brasil levou o britânico Greg Rutherford a decidir congelar esperma antes de viajar ao país para defender seu título olímpico no salto em distância nos Jogos em agosto.

A companheira de Rutherford, Susie Verrill, que não viajará para os Jogos com seu filho pequeno, disse que o casal tomou a precaução de congelar esperma por desejar ter mais filhos. "As notícias sobre o Zika não param de nos preocupar", escreveu ela na revista Standard Issue.

O ciclista norte-americano Tejay Van Garderen desistiu de participar da Rio 2016 na semana passada por causa do temor de que o surto possa representar riscos para sua esposa grávida.

Já co-apresentadora da rede norte-americana NBC, Savannah Guthrie, disse que está grávida e não irá viajar para cobrir a Olimpíada por conta de preocupações com o vírus da zika, que possui ligação com casos de microcefalia em bebês.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/06/zika-tera-pico-de-transmissao-no-sul-da-europa-partir-de-junho-diz-estudo.html

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