quinta-feira, 16 de junho de 2016

16/06/2016 12h35 - Atualizado em 16/06/2016 12h44

Pediatra desmitifica temores sobre vacina de HPV; adesão caiu no país

Ana Escobar fala, em vídeo, sobre importância de vacinar meninas.
Imunização protege contra câncer do colo do útero, que mata 5 mil por ano.

Diante da diminuição da adesão à vacina contra HPV no Brasil, a pediatra Ana Escobar comenta, no vídeo, sobre a importância da imunização para prevenir contra o câncer do colo do útero e outras doenças. "A vacina é segura, não tem efeitos adversos que a contraindiquem. Os benefícios da vacina do HPV são muito maiores e superam em muito qualquer efeito adverso como febre ou mal estar", diz a especialista.  

A vacinação contra HPV no Brasil chegou a ter uma adesão de 92,3% entre 2014 e 2015, logo depois de entrar para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Isso ocorreu na primeira “leva” de vacinação, quando o público-alvo eram meninas de 11 a 13 anos. Desde que passou a incluir meninas de 9 a 11 anos, em março do ano passado, porém, a adesão caiu muito e o Ministério da Saúde atribui a queda, em grande parte, ao fato de muitas escolas terem deixado de se envolver com a questão.

Até março deste ano, apenas 69,5% das meninas dessa faixa etária tinham tomado a primeira dose da vacina. Quanto à segunda dose, a adesão foi ainda pior: só 43,73% do público-alvo foi atingido. “Não temos dúvida de que sair da escola foi o motivo da queda”, disse a coordenadora do PNI Carla Domingues durante um evento que reuniu representantes de sociedades médicas e do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (15) em São Paulo.

“A experiência não só do Brasil, mas de outros países, mostra que a estratégia de vacinar na escola é exitosa”, afirmou Carla. “Estamos trabalhando agora para fazer com que os municípios voltem a trabalhar com essa estratégia.”

Desde a introdução da vacina no SUS, o Ministério da Saúde reforça a importância de a vacina ser dada nas escolas, porém não se trata de uma obrigação: cada estado e cada município tem autonomia para adotar ou não a estratégia. “A gente sempre recomenda, mas realizar ou não depende de cada município”, disse a especialista do ministério.

A queda da adesão à vacina, cujo principal objetivo é prevenir contra o câncer do colo do útero, é especialmente preocupante porque, com menos da metade do público-alvo vacinado, não ocorre o chamado efeito rebanho (quando outros grupos não vacinados são protegidos indiretamente por causa da imunização de um grupo específico). “Desta forma, mulheres mais velhas [fora do público alvo] não são beneficiadas. Não posso me contentar com essa cobertura”, afirmou Carla.
Poá e Suzano aplicam vacinas contra HPV nas escolas (Foto: Reprodução/ TV Diário) 
Poá e Garota toma vacina contra  HPV em escola de Suzano, em SP (Foto: Reprodução/ TV Diário)

Falta de expertise em vacinação nas escolas
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, o Brasil não tem o hábito nem a expertise em fazer vacinações rotineiras na escola. “É preciso acontecer uma boa conversa entre educação e saúde”, disse. Segundo ela, num primeiro momento da vacinação contra HPV, os municípios interpretaram a orientação para que as escolas participassem da vacinação como uma ordem e colocaram em prática a estratégia.

Mas, em muitos locais, não existe uma estrutura para realizar a vacinação. “Isso fez com que, na segunda dose, alguns municípios desanimassem”, afirma a especialista. Outro motivo que levou algumas escolas a deixarem de vacinar foi o caso de um grupo de meninas de uma escola de Bertioga, que relataram terem tido reações após a vacina . Depois que elas se recuperaram, a conclusão foi que se tratava de um caso de ansiedade pós-vacinação.

“Vivemos em um mundo judicializado em que a escola privada prefere não dividir essa responsabilidade. É preciso trabalhar mais com o educador para que ele se sinta mais confortável para isso. Na Austrália e Europa, isso é rotina para várias vacinas”, afirmou Isabella.

Outro motivo alegado por quem se opõe à vacinação é a alegação de que ela poderia estimular um início precoce da vida sexual. “Vamos tirar esse carma da vacina do HPV. Uma das primeiras vacinas que se toma quando se nasce é contra uma doença sexualmente transmissível: a hepatite B”, lembra a médica.

Entenda a vacina
A vacina contra HPV, que começou a fazer parte do Programa Nacional de Imunizações em 2014, está disponível para meninas de 9 a 13 anos. Mulheres com HIV entre 9 e 26 anos também têm direito a se vacinar gratuitamente.

O papilomavírus humano (HPV) é um vírus que pode causar câncer do colo do útero e verrugas genitais.  Ele é altamente contagioso, e a sua transmissão acontece principalmente pelo contato sexual.

A vacina distribuída no SUS é quadrivalente, ou seja, protege contra quatro tipos de HPV: o 6, o 11, o 16 e o 18. Dois deles (o 6 e o 11), estão relacionados com o aparecimento de 90% das verrugas genitais. Os outros dois (o 16 e o 18) estão relacionados com 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Além da vacina, a prevenção contra esse tipo de câncer também continua envolvendo o exame Papanicolau, que identifica possíveis lesões precursoras do câncer que, tratadas precocemente, evitam o desenvolvimento da doença.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/06/pediatra-desmistifica-temores-sobre-vacina-de-hpv-adesao-caiu-no-pais.html

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