Pesquisa aponta que mães com vírus da zika não tiveram bebês com microcefalia em Rio Preto
Cerca de 28% das crianças tiveram uma alteração no nascimento, como surdez unilateral. Pesquisa acompanha 55 mães que tiveram vírus da zika.
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina (Famerp), em São José do
Rio Preto (SP), apontou que mães que tiveram vírus da zika durante a
gestação não resultou em microcefalia para os bebês.
Pesquisadores da
Famerp têm acompanhado há cerca de um ano um grupo de 55 mulheres que
tiveram diagnóstico confirmado de vírus da zika durante a gestação.
Segundo a pesquisa, os bebês nasceram vivos e nenhum caso de
microcefalia ou de qualquer alteração neurológica grave foi
identificado.
“Cerca de 28% dos bebês apresentaram alguma alteração no nascimento, como pequenas calcificações no cérebro, pequenas lesões em vasos cerebrais, surdez unilateral ou danos à retina. Alguns deles apenas tinham o vírus no organismo, mas não apresentavam sintomas. E nenhuma alteração neurológica mais grave foi observada”, disse o professor Maurício Lacerda Nogueira, um dos pesquisadores.
De acordo com o pesquisador, o padrão observado nas crianças em Rio
Preto é diferente do que foi verificado em outros bebês em estados do
Nordeste, onde houve vários casos de microcefalia. Nogueira diz que
todas as crianças incluídas no estudo teriam sido consideradas normais
pelos serviços de saúde e não teriam os sintomas identificados se não
estivessem participando de um protocolo de pesquisa.
A equipe de pesquisa chegou a ir até o Nordeste, onde acompanhou os
nascimentos em um hospital público de Salvador durante o pico da
epidemia de zika no estado, em 2015. Nesse estudo, portanto, foram
incluídas também mulheres sem diagnóstico confirmado da doença.
“Encontramos um quadro completamente diferente do observado em São José
do Rio Preto. Cerca de 10% dos bebês nasceram com alterações congênitas
graves, entre elas microcefalia”, afirma.
Pesquisa é feita na Famerp, Faculdade de Medicina de Rio Preto (Foto: Reprodução/TV TEM)
O pesquisador acredita que o fato de crianças apresentarem microcefalia
no Nordeste, e não em Rio Preto, pode estar relacionado a um hospedeiro
humano ou algum fator genético de provocar esta diferença discrepante.
“Trabalhos recentes mostraram que a diversidade do zika ainda é pequena
na América. Basicamente, o vírus que circula em Rio Preto é o mesmo
encontrado na Bahia ou no Rio de Janeiro. Portanto, se a diferença não
está no vírus, deve estar no hospedeiro humano. Algum fator genético
pode estar conferindo proteção a certas pessoas ou, talvez, a exposição
prévia a outros vírus”, disse.
Para Nogueira, também será necessário unificar os dados obtidos em São
Paulo, no Rio de Janeiro e nos estados do Nordeste para compará-los em
conjunto. “Tudo isso ainda precisa ser avaliado com cuidado e em um
número grande de pacientes para obtermos respostas mais precisas”, disse
Nogueira.
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