Corte Europeia de Direitos Humanos autoriza desligamento de aparelhos que mantêm bebê vivo
Pais da criança, que sofre de uma doença incurável, tinham entrado com recurso pedindo à CEDH que impedisse o hospital britânico de suspender os cuidados.
A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) autorizou na última
terça-feira (29) a desligar os aparelhos que mantêm vivo o bebê
britânico Charlie Gard, de 10 meses, que sofre de uma doença genética
rara e terminal.
Os pais da criança, contrários ao desligamento dos aparelhos, tinham
entrado com um recurso na CEDH após os tribunais do Reino Unido terem
autorizado o hospital Great Ormond Street, em Londres, a tomar essa
iniciativa.
Em sua sentença definitiva, a CEDH considerou corretas as sentenças
emitidas pelos tribunais britânicos e ordenou a suspensão das medidas
judiciais provisórias que estavam sendo aplicadas aguardando a decisão
judicial final.
Batalha jurídica
O hospital queria obter a autorização judicial para suspender a
respiração artificial e os cuidados paliativos, porque os médicos
britânicos afirmaram que não existe cura para a doença de Charlie e,
portanto, ele deveria ter o direito de morrer com dignidade.
O juiz Nicholas Francis, responsável por um dos processos travados na
corte britânica, chegou a visitar Charlie no hospital e a analisar o
desempenho dos médicos no caso. O juiz rejeitou o pedido dos pais de
levar Charlie até os EUA, pois o tratamento experimental teria sido
ineficaz e teria infligido somente mais sofrimento para Charlie.
O princípio “Child Best Interest” [O melhor interesse da criança, na
tradução livre em português] foi o critério legal no qual se baseou a
Suprema Corte britânica para determinar o desligamento dos aparelhos.
O pais de Charlie, Connie Yates e Chris Gard, entraram com uma ação
junto à Corte Europeia em fevereiro passado contra a decisão da Suprema
Corte do Reino Unido. Após a decisão da Corte eles postaram um vídeo nas redes sociais declarando que estão com "o coração quebrado".
Em 6 de junho, o Tribunal Supremo britânico confirmou a decisão tomada
em primeira instância a favor do hospital, alegando que as perspectivas
de cura do bebê eram baixas e que continuar com o tratamento só
prolongava seu sofrimento.
Medidas provisórias foram aplicadas até que o recurso fosse analisado
pela Corte Europeia. Na terça, a CEDH concordou com a aplicação do
princípio do “Child Best Interest” e autorizou o desligamento dos
aparelhos.
Doença
Charlie Gard, de 10 meses, sofre de uma doença cerebral genética rara e
incurável, a miopatia mitocondrial - uma condição que causa perda
progressiva de força muscular. A criança nasceu saudável em agosto de
2016, mas começou a perder peso e força com seis semanas de vida. A
condição piorou rapidamente e ele foi internado em outubro no Hospital
Great Ormond Street, depois de desenvolver pneumonia por aspiração.
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